Com Desconhecido (Unknown, 2011), o diretor espanhol Jaume Collet-Serra faz a sua estréia em filmes de ação, revelando talento e destreza para este tipo de produção, visto que o resultado final fica acima da média se comparado a outros lançamentos do mesmo gênero nos últimos tempos.
Os espectadores mais exigentes, talvez, podem não perdoar as falhas do roteiro e as soluções estapafúrdias que são distribuídas ao longo da trama, no entanto, se conseguirem relevar estes lapsos, Desconhecido poderá ser um ótimo entretenimento.
Após dirigir o terror risível A Casa de Cera (House of Wax, 2005), Collet-Serra supreendeu com o eletrizante suspense A Órfã (The Orphan, 2009), que, muito embora também tenha sofrido duras criticas pelo roteiro mal amarrado, brindou o público com interpretações primorosas, tendo lançado a estrelinha Isabelle Fuhrman.
Desconhecido seguiu a cartilha de bons filmes de ação com técnica e qualidade. O seu desenvolvimento é ágil e, logo nos seus primeiros momentos, o longa já nos apresenta a cena que desencadeará todo dilema vivido pelo personagem principal.
Desconhecido seguiu a cartilha de bons filmes de ação com técnica e qualidade. O seu desenvolvimento é ágil e, logo nos seus primeiros momentos, o longa já nos apresenta a cena que desencadeará todo dilema vivido pelo personagem principal.
O astro Liam Neeson, que anda se repetindo em papéis de homens implacáveis, vive o Dr. Martin Harris, um especialista em botânica que, chegando a um hotel na cidade de Berlim, onde participaria de uma conferência, percebe que esqueceu sua principal maleta no aeroporto, tendo de voltar sem dar maiores explicações para sua esposa (a linda January Jones). No caminho, ele sofre um acidente e fica em coma por 4 dias. Permanecendo internado, ele vai se recordando aos poucos de quem era e do que estava fazendo naquela Alemanha fria e distante. Até aqui, tudo dentro do controle. O problema é quando ele chega no hotel e não é reconhecido nem por sua própria mulher. Como se já não bastasse a situação incômoda, ele é apresentado a um homem (Aidan Quinn) que diz ser o verdadeiro Dr. Martin Harris.
Desacreditado, sem documentos e ameaçado, Martin (ou quem ele pensava que era) sai por aquela grande cidade desconhecida em busca de explicações para aquele pesadelo em que ele se encontrava.
A história tem reviravoltas e surpresas em vários atos, quase sempre intercalados por cenas de perseguição de tirar o fôlego, deixando claro que a produção investiu bem nas sequências de ação e no trabalho final de montagem.
Bem, então vamos à parte ruim: o filme não se preocupa em inserir lógica na trama, fazendo com que coisas simples sejam resolvidas com muita complexidade, e vice-versa. Desta forma, fica evidente que os roteiristas não se preocuparam muito em concatenar as idéias da trama.
Na escolha do local, o filme acerta em centrar a trama 100% na gelada Berlim, um lugar que potencializa a dificuldade em se resgatar a segurança e o equilíbrio perdidos, considerando a barreira da linguagem e as peculiaridades daquela cidade. Mas a chance de isto ser bem explorado também é deixada de lado, posto que quase todos os personagens de destaque dominam o inglês com fluência, afastando ainda mais uma possível verossimilhança para história.
Embora bem-vindo, o filme ainda traz um grande clichê: num mundo de estranhos, a taxista que socorre o herói é uma bela croata (a estonteante Diane Kruger, de Bastardos Inglórios/Inglourious Basterd, 2009), que também se encontra em situação irregular na cidade. Sensibilizada com a história do desmemoriado, ela passa a conduzi-lo em sua empreitada pela cidade. É claro que surge um clima entre eles...
A propósito, as loiras geladas January Jones e Diane Kruger são quentes o bastante (perdoem-me o trocadilho infame) para mexer com a imaginação do protagonista de meia idade.
A propósito, as loiras geladas January Jones e Diane Kruger são quentes o bastante (perdoem-me o trocadilho infame) para mexer com a imaginação do protagonista de meia idade.
Esqueçam que existe um Google com possibilidade de refinagem da busca, esqueçam que não há necessidade de se contratar um detetive para lembrar que os aeroportos também têm câmeras de segurança, esqueçam que um famoso pesquisador não poderia ter somente um contato no seu país de origem, esqueçam que é praticamente impossível, nos dias de hoje, fazer algo em público e não ser registrado, esqueçam... Podemos parar por aqui. Então é isto: não raciocinem profundamente na confortável poltrona do cinema, e lembrem-se de que o herói está sob forte pressão (acho que isto não colou). Ou seja, deixem-se levar pelas rápidas e bem cuidadas sequências do filme.
Observando essas ressalvas, eu garanto: assistir ao filme será um programão!
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Observando essas ressalvas, eu garanto: assistir ao filme será um programão!
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Um comentário:
Oi Gilvan. Parabéns pelo ótimo texto. Pelo que escreveu o filme parece ter - guardadas as proporções - certa semelhança com aquele filme em que a Jodie Foster perde sua filha dentro de um avião. PS: Diane Kruger se sai melhor quando o filme é faladao em alemão ou francês - sua segunda lingua. Acho ela um dos pontos mais fracos em Bastardos e Inglórios, seu fraco inglês - pra mim - comprometeu sua atuação.
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