sábado, 27 de setembro de 2008

A Vingança do Diabo (Pumpkinhead)

Numa determinada época de minha vida, fui um apreciador de filmes de terror, mas perdi grande parte do entusiasmo e não penso em ver a tudo que me chega às mãos como fiz outrora. Tanto naquela época como hoje, eu me vejo abismado com algumas pessoas que sentem medo de assistir determinadas produções. Ainda gosto do jogo, das armações, das cenas, da tensão, dos sustos, mas tudo fica no entretenimento.

O que estou querendo escrever é que não sinto medo e acredito que posso assistir a qualquer filme de terror e dormir como um anjo depois : - P.

Mas devo admitir que, nas minhas longas jornadas de sessões, assisti a um filme que me fez acordar de madrugada e sentir algo incômodo - seria medo? Não sei dizer se eu fui pego de surpresa ou não me preparei para ver o filme (será que precisa disso?), mas o fato é que eu me enfiei debaixo das cobertas e cobri a cabeça com os travesseiros ao imaginar uma determinada cena em que o demônio aparece com sua face mais esperta (???) e cruel.

Estou me referindo ao filme “A Vingança do Diabo” (Pumpkinhead, USA, 1988), de Stan Winston, com Lance Henriksen (conhecido por seu trabalho na série de TV “Millennium”), Cynthia Bain (a loirinha de gritinhos gostosos do trash “Combustão Espontânea”) e Jeff East (o ótimo ator que fez o jovem Clark Kent na mega produção Superman: The Movie - 1978 ) no elenco.

O filme nos mostra um grupo de motoqueiros (gente boa) que está se aventurando por aquelas cidadezinhas rústicas do interior dos Estados Unidos e que, acidentalmente, atropela e mata o filho de um homem solitário e de poucas palavras (Henriksen). O homem fica desesperado e procura uma bruxa local por ter ouvido falar que ela sabia ressuscitar “algumas coisas”, pensando em trazer seu filho de volta. Mas a bruxa (muito feia por sinal) esclarece que não é possível ressuscitar humanos e sim alguns casulos no cemitério. Com um certo sacrifício, era possível convocar um demônio chamado Pumpkinhead (Cabeça-de-Abóbora).

Revoltado por não poder ter seu filho, o homem aceita a proposta e segue as orientações da bruxa. O problema é que o diabo que surge é assustador, sanguinário e, o pior, raciocina.

Um rapaz caipira (Brian Bremer - que também trabalhou em “Combustão Espontânea“), percebendo as mortes violentas, decide ajudar o casal protagonista a fugir do diabo voraz, mas descobre que a tarefa não é fácil. O demônio cumpria o que seu “dono”, ou seja, aquele que o despertou, pediu durante o ritual.

SPOILER

O pai acaba percebendo que aquela vingança não levaria a nada e que os jovens que mataram seu filho não eram do mal, mas, o que valia para o diabo era o trato feito em seu despertar, então, de nada valia o arrependimento dele, mas, ainda assim, ele resolver ajudar. E leva ferro!!!
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FIM DO SPOILER
A cena que me fez despertar na madrugada foi uma em que o diabo persegue o rapaz caipira e, quando parecia que ele havia conseguido despistá-lo, a coisa se revela mais esperta por ter ficado na espreita, fingindo que tinha ido embora. Que absurdo!!!

O filme é bem produzido, tem trilha sonora acertada e bons jogos de iluminação, além de procurar fugir da banalização sofrida por alguns filmes de terror: tem uma mensagem ao final, a mocinha não é histérica e as interpretações (principalmente do perspicaz Lance Henriksen) apresentam-se de forma convincentes. Eu recomendo!!!


sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Ensaio Sobre a Cegueira


O certo seria não criar muitas expectativas a respeito de filmes baseados em livros famosos, o que nem sempre é possível, visto que, quando ficamos sabendo que um grande exemplar da literatura será transposto para a tela, a imaginação e a curiosidade começam a borbulhar, mesmo de forma involuntária.

No entanto, já passei por várias situações. Frustrei-me com expectativas ao ver determinado filme, tive gratas surpresas que superaram meu aguardo sobre determinados longas e, em menor grau, fiquei indiferente ao resultado de algumas produções.

Confesso que fui assistir ao Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness, Canada, Brazil, Japan, 2008) sem muito entusiasmo, posto que havia tido uma experiência pouco agradável com o livro de José Saramago (não vou pedir desculpas aos “letrados”). Que forma de escrever é aquela? Não quero respostas…

Cheguei à sala de cinema preparado para cumprir somente um “dever de ofício”. Brincadeiras à parte, eu sabia que era uma produção bem cuidada. No decorrer da sessão, percebi que estava gostando do filme. Os recursos cinematográficos para nos passar a “cegueira branca” primou pelo sutileza e eficácia, assim como a apresentação dos personagens centrais.

Não posso deixar de mencionar que grande parte do trunfo está na escalação do elenco, em especial, da primorosa Julianne Moore, uma atriz que nos brinda com seu trabalho forte e consciente.

Pelo exposto, vale dar uma conferida nesse bom exemplar de adaptação de um livro de sucesso levado à tela grande.

Ironias do Cinema

Anne Baxter e Bette Davis num duelo de vaidades em "A Malvada" (All about Eve, USA, 1950)

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Joseph L. Mankiewicz escreveu e dirigiu "A Malvada" (All About Eve, USA, 1950), um grande sucesso do cinema que figura entre os filmes com maior número de indicações ao Oscar.
O filme retrata a projeção de uma jovem atriz (Anne Baxter) que sempre invejou a veterana e respeitada colega de profissão (Davis). Na foto acima, temos a cena em que a personagem de Bette Davis começa a desconfiar de que sua assistente Eve(Baxter) não era tão confiável quanto ela imaginava.

No filme, Baxter se torna uma estrela, no entanto, na vida real, inobstante seu reconhecido talento, a atriz nunca teve muito destaque no mundo cinematográfico, ao contrário de Davis, uma atriz inesquecível que ditou regras até para os grandes estúdios e administrou como nenhuma outra a sua própria carreira.

Ironicamente, na mesma foto, ao fundo, podemos ver uma bela loira em início de carreira: ninguem menos que a espetacular Marilyn Monroe. Sem muito destaque em “A Malvada”, a atriz, posteriormente, viria a se transformar numa das maiores estrelas de todos os tempos, ofuscando todas as outras atrizes de sua geração, inclusive aquelas que protagonizaram o filme em referência.

Sleuth

Infelizmente, a refilmagem do ótimo “Trama Diabólica” (Sleuth, UK, 2007) veio direto para as locadoras aqui no Brasil. Talvez por aqueles conhecidos problemas de distribuição. Mas, ainda assim, o público poderá vibrar com o interessante jogo de gato e rato entre um marido traído (Michael Caine, ótimo) e o amante de sua esposa (o carismático Jude Law).

O novo filme recebeu o título de “Um Jogo de Vida ou Morte” e foi finalizado em dezembro de 2007, na Inglaterra. Dirigido pelo “shakesperiano” Kenneth Branagh e roteirizado por Harold Pinter (ganhador do Prêmo Nobel de Literatura em 2005), o filme é baseado na peça teatral de Anthony Shaffer, que aqui no Brasil ganhou o nome de “O Jogo do Crime”, conforme registro no SBAT (Sociedade Brasileira de Autores). Os títulos em português no cinema e no vídeo foram diferentes: “Trama Diabólica” e “Jogo Mortal”. Quanto título!!!!!! A curiosidade deste remake é que, em 1972, Joseph L. Mankiewicz dirigiu a primeira versão para o cinema com Michael Caine fazendo papel do amante, ficando o papel do marido a cargo do ilustre Sir Lawrence Olivier.

Não quero adiantar muito, mas é importante avisar que o filme é supreendente.

A história é simples e bem amarrada: um marido traído convida o amante de sua esposa para um final de semana aprazível em sua luxuosa e isolada mansão… Mas o que ele queria afinal? Bem, propor um jogo muito perigoso. Mas o amante não era tão ingênuo como o inteligente marido imaginava…

Ruiva confronta Loira

A valente Marlene (Julianne Moore, enérgica como sempre) cai na cilada da angelical e dissimulada Flanders (Rebecca de Mornay) em um dos grandes momentos de “A Mão que Balança o Berço” (The hand that rocks the cradle, USA, 1992).

Charlize Theron recusa título de mulher mais sexy do mundo

A revista Esquire atribuiu o título de “A Mulher mais Sexy do Mundo” à atriz Charlize Theron, a vencedora do Oscar de Melhor Atriz por "Monster - Desejo Assassino" (Monster, USA, 2003).

A bela loira recusou o título e declarou: “Eu a mulher mais sexy do mundo? Acredito que qualquer coisa na vida deva ser entendida com uma dose gigantesca de ironia, sobretudo na minha profissão.”

"Esse título é um grande elogio, mas todos sabemos que a mulher mais sexy do mundo não existe", disse Charlize, em entrevista à revista italiana Grazie.

Em pesquisa realizada junto aos leitores, a revista “FHM” anunciou que a mulher mais sexy do mundo é Megan Fox. A morena de 21 anos participou do longa “Transformers”, onde não deixou dúvida de toda sua sensualidade, fazendo caras, bocas e poses. A belíssima garota, logicamente, gostou do título.

Megan Fox em foto divulgada pela revista que lhe deu o título


quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Esses críticos...

Um comentarista da coluna Ilustrada da Folha de S. Paulo escreveu um texto intitulado "Adultos em pijamas" (já dá pra se ter uma idéia da tentativa de ser engraçado). A matéria trouxe considerações sobre o filme "Batman - O Cavaleiro das Trevas" (The Dark Knight, USA, 2008).

O autor do texto tentou ser irônico e inteligente. Não conseguiu. Apenas apresentou um raciocínio supérfluo sobre um filme que ele não gostou, mas não conseguiu utilizar argumentos sólidos para se explicar. No desespero, apelou para o que entendeu que seria divertido, utilizando palavras como "pijamas", "ereções", "collants" etc, num texto supostamente "erudito" (aspas mais do que necessárias).

Talvez tenha conseguido exorcizar algum tipo de indignação por ter se desafiado na exibição de um filme voltado ao grande público, aquele público que (talvez) não tenha visto “Casablanca”, “Cidadão Kane” ou “O Sétimo Selo”. O evento deve ter sido uma grande concessão à humanidade (na mente dele).

Ele falou mal do filme, mas não legitimou sua tentativa de ridicularizar a produção. Tentou, mas foi tão infeliz nas colocações que criou trechos risíveis (ou sofríveis). As observações foram de uma obviedade sem tamanho, mas foi escrita com um gosto que só pode ter enganado a quem não tem uma mínima crítica sobre o assunto.

Ter especulado a razão da morte prematura de Heath Ledger foi ridículo (e olhe que nem sou fã do ator). Como alguém pode brincar com uma morte de forma tão estúpida? O autor do texto supôs que Ledger “morreu de overdose porque, depois de assistir ao resultado, não agüentou a vergonha.” Acho que ele deve ter achado a opinião engraçadíssima.

A impressão de que o texto foi interrompido bruscamente é a confirmação de que as idéias não tinham consistência, restando interromper o “espetáculo” de qualquer forma. Muitos cineastas encerraram suas obras assim, mas não é o caso do texto em questão, afinal, isto só funciona bem em “obras”.

Eu já tinha lido críticas enfadonhas e metidas a engraçadinhas, mas a que transcrevo abaixo extrapolou:


Adultos em pijamas
NADA TENHO contra vigilantes. Contra? Minha adolescência cinéfila não foi só Bergman, não foi só Bresson, não foi só Renoir. Nos intervalos, escondido de meus amigos intelectuais, eu gostava de assistir a Clint Eastwood limpando as ruas de San Francisco. “Do you feel lucky, punk?” converteu-se para mim em mantra espiritual, tão emblemático como o “Play it again, Sam” que Ingrid Bergman (nunca) disse em “Casablanca”.Para não falar de prazeres menores, ou maiores, como Charles Bronson em “Desejo de Matar”. Que será feito de Bronson? Divago. Recordo apenas uma seqüência de um dos filmes da série: Bronson, caminhando lentamente nas ruas do bairro, com câmera fotográfica sobre o ombro e tomando sorvete em pose turística. Subitamente, o bandido entra em cena, pega a câmera de Bronson e foge como um galgo de competição.Bronson não corre atrás. Com a mesma displicência com que tomava o sorvete, joga-o fora, saca da arma (a inevitável Magnum 44), aponta sem pressa e atira no bandido, como quem atira em um animal. O bandido tomba. Bronson recupera a câmera (mas não o sorvete). Só quem nunca teve uma câmera roubada em plena rua é que não entende o prazer de assistir a essa cena.Nada tenho contra vigilantes, repito. Mas também acrescento que os vigilantes têm de cumprir dois requisitos básicos.Em primeiro lugar, só podem existir na tela, não na vida real. Na vida real, continuo a preferir o Estado de Direito, em que existem leis, polícia e tribunais, e não loucos ou beneméritos que gostam de fazer justiça com as próprias mãos.Mas mesmo os vigilantes das telas têm de cumprir um segundo requisito: não podem usar collants, máscaras, pinturas ou capas supostamente voadoras. Dizem-me que Batman, ou Super-Homem, é uma metáfora profunda sobre a nossa condição solitária e urbana; heróis derradeiros da pós-modernidade. Não comento. Exceto para dizer que morro de rir quando vejo um ator, supostamente adulto e racional, enfiado num pijama colorido e disposto a salvar a humanidade das mãos maléficas de um vilão tão ridículo e tão colorido quanto ele.Sem falar dos fãs: homens feitos, alguns casados, que continuam a acreditar que um super-herói em pleno vôo compensa todas as ereções falhadas.E foi assim que assisti ao último Batman, “O Cavaleiro das Trevas”, dirigido por Christopher Nolan. Não vale a pena apresentar o filme: durante meses e meses e meses, uma máquina publicitária que não pára tentou convencer o mundo de que “O Cavaleiro das Trevas” era o melhor da série e, juro que ouvi, um dos maiores filmes de toda a história do cinema. De acordo com os promotores, Nolan trocara a fantasia sombria de Tim Burton e o espetáculo adocicado de Joel Schumacher por um realismo digno de Michael Mann: desde “Fogo contra Fogo” ninguém filmava assim uma cidade, cruamente e no osso.E os atores? Os atores seriam exemplos de um realismo ainda mais brutal, com destaque para o Coringa, papel que pode valer a Heath Ledger o Oscar póstumo. Alguns, mais ousados, ainda acrescentam que Ledger morreu de overdose precisamente por causa das exigências do papel.Não tenciono polemizar com a sabedoria dos críticos, mas suspeito de que Heath Ledger morreu de overdose porque, depois de assistir ao resultado, não agüentou a vergonha. E quem o pode censurar?Eu não, rapazes. E confesso que entrei na sala com boa vontade: “O Cavaleiro das Trevas” apresenta o herói (Batman) em luta final contra o mestre da anarquia (Coringa), um lunático que não deseja dinheiro nem poder como os vilões tradicionais, mas sim pura destruição. Na cabeça dos criadores, essa oposição simplória entre civilização/caos seria uma metáfora sobre o mundo pós-11 de Setembro: um mundo em que o terrorismo niilista não deseja um objetivo político preciso, mas simplesmente mergulhar o Ocidente num clima de paranóia destrutivo e autodestrutivo.Infelizmente para os criadores, a narrativa não é apenas infantil em sua pretensão política e filosófica; é incongruente quando Batman ou Coringa entram no enquadramento. Razão simples: se a fantasia já é difícil de engolir como fantasia, imaginem apresentá-la em tom “realista” e até “documental”.Confrontado com Batman e Coringa, nenhum adulto equilibrado vê um super-herói e um super- vilão. Vê, simplesmente, dois dementes em pijamas que fugiram do asilo da cidade.

João Pereira Coutinho
São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2008
Folha de S. Paulo - Ilustrada

Agatha Christie


A escritora Agatha Christie é conhecida por milhões de pessoas em todo o mundo como a Rainha do Crime, ou, como ela preferia, a Duquesa da Morte. Nascida em Torquay, Inglaterra, era filha de Frederick Miller e foi registada com o nome de Agatha Mary Clarissa Miller.

Em 1914, casou-se com um piloto inglês, o Coronel Archibald Christie, e, próximo a esse evento, durante a Primeira Guerra Mundial, Agatha foi trabalhar num hospital e essa experiência foi-lhe útil mais tarde.

A escritora começou escrevendo romances, utilizando o pseudônimo de Mary Westmacott. Em deteminada época, aceitou o desafio de sua irmã para escrever uma trama policial, surgindo assim “O Misterioso Caso de Styles” (The Mysterious Affair at Styles), que tinha como argumento a morte de uma aristocrata inglesa trancada em seu próprio quarto. Após ter sido recusado por diversas editoras, o primeiro livro de mistério foi finalmente publicado em 1920. A história se revelou também como uma fiel descrição da recuperação da Grã-Bretanha no período de 1914 a 1918, deixando claro o agudo poder de observação de Agatha para registrar fatos históricos no seu trabalho de redação. É neste livro que os leitores conheceram o excêntrico detetive belga Hercule Poirot.

Inobstante os adjetivos positivos dados à escritora, Christie não gostava que seus livros fossem chamados de “romance policial” e declarava não gostar de descrições exaustivas.

Apesar do sucesso de seu primeiro livro de mistério, o trabalho de Agatha chamou a atenção do grande público e da crítica somente quando ela publicou “O Assassinato de Roger Ackroyd” (The Murder of Roger Ackroyd), um excelente exercício de criatividade e inteligência. Com esta obra, Christie ganhou notoriedade e projeção no mundo literário, consagrando-a definitivamente como uma das melhores escritoras de histórias de mistério.

Com tanto talento para criar tramas complexas e bem estruturadas, em 1926, a própria Agatha foi notícia quando desapareceu durante alguns dias, depois de o marido ter pedido o divórcio. Esse episódio ganhou um filme para o cinema, tendo Vanessa Redgrave interpretando a escritora. Inferiu-se, pouco tempo depois, que ela esteve instalada num hotel sob nome falso, mas nada foi confirmado. O seu desaparecimento naquele período ainda hoje é um mistério. A tentativa de chamar a atenção do marido, nos termos do filme, não foi o bastante para manter seu casamento. Em 1928, a separação foi oficializada.

Numa viagem ao Oriente Médio, em 1930, conheceu o arqueólogo inglês Sir Max Mallowan, seu segundo marido. Agatha passou a acompanhá-lo em suas expedições arqueológicas anuais ao Iraque e a Síria, o que lhe rendeu idéias para outros romances. Ao longo da sua carreira, escreveu cerca de setenta romances e mais de uma centena de contos.

Os seus personagens mais famosos são Hercule Poirot, o detetive belga, e Miss Jane Marple, uma solteira de mais de 60 anos, esperta e audaciosa. Também escreveu alguns livros que tinham como personagens centrais o casal Tommy e Tuppence Beresford. Algumas das suas obras, como a famosa O Caso dos Dez Negrinhos (Ten Little Niggers) não havia nenhum personagem particularmente destacado.
Várias de suas histórias foram transformadas em filmes para televisão e cinema, com destaque para Assassinato no Expresso Oriente (Murder on the Orient Express - 1934;1974) e Morte no Nilo (Death on the Nile - 1937; 1978 ) . Mas a única obra que Christie gostou da adaptação para o cinema foi Testemunha de Acusação (Witness for the Prosecution), dirigido em 1957 por Billy Wilder, tendo Marlene Dietrich, Elsa Lanchester e Tyrone Power no elenco.

Nos seus livros, ela leva o leitor, através dos diálogos e de sugestões, aparentemente sem peso na trama, a seguir o caminho errado, fazendo-os pensar numa determinada pista, enquanto o(s) assassino(s) se mantêm fora da nossa lista de suspeitos. Uma vez embrenhado no livro, a interessante teia de enredos e prefigurações envolvem o leitor, e mantêm a atmosfera de suspense. Por todas as qualidades da sua escrita, Christie tornou-se um sucesso internacional. Seus livros foram traduzidos em mais línguas do que as obras de Shakespeare e já venderam mais de cem milhões de exemplares em todo o mundo.

Agatha recebeu o título de Dame Commander of the Order of the British Empire em 1971. A escritora faleceu em 1976. Seu último livro Um Crime Adormecido (Sleeping Murder - 1976) e sua Autobiografia (Autobiography - 1977) foram publicados após sua morte, assim como a ótima coletânea Enquanto Houver Luz (While the Light Lasts), contos escritos antes do sucesso de seu primeiro livro.

A maioria das pessoas associa o nome de Agatha Christie a seus romances e histórias policiais, desconhecendo que ela escreveu excelentes peças teatrais. Além das mais famosas, A Ratoeira (The Mousetrap ) e Testemunha de Acusação, ela escreveu em torno de dezoito textos teatrais. Neles, o leitor se verá diante de situações e tramas em que o mistério e o suspense o farão sentir-se como um espectador numa platéia. A Ratoeira, na história do teatro, é a única peça que continua sendo apresentada ininterruptamente desde a sua estréia em 1952, com o record de 8862 representações num só teatro. O público da cidade de Londres, na Inglaterra, já conhece o final da história, mas a originalidade e o vigor do argumento, dos diálogos e dos personagens da peça garantem o interesse permanente em se assistir as apresentações. É inigualável a genialidade da Primeira Dama do Crime.