terça-feira, 25 de maio de 2010

O que terá acontecido a Baby Jane?

Feia e Malvada?
Bette Davis e Joan Crawford em cena de "O que terá acontecido a Baby Jane?" (What Ever Happened to Baby Jane?, USA, 1962).

Na foto acima, Davis capricha numa das expressões mais amargas do cinema para dar crédito à cruel Baby Jane, a irmã maquiavélica da doce e paraplégica Blanche Hudson (vivida com vigor pela excelente Joan Crawford). Inimigas na vida real, Davis queria que Blanche fosse interpretada por Lillian Gish (outra lenda viva do cinema), mas a força da indústria cinematográfica venceu a vaidade da atriz, pois os produtores sabiam que o público adoraria ver dois monstros sagrados atuando num mesmo filme. Os problemas de bastidores viravam um caso à parte. O filme surpreendeu um público que estava acostumado a ver Crawford em papéis de vilãs, mas o final reservava uma reviravolta memorável nesse interessante duelo de talentos promovido pelo diretor Robert Aldrich.

O gênio difícil de Bette Davis não foi problema na carreira da atriz. Como nenhuma outra, a lenda viva soube conduzir sua carreira e ditar regras para a indústria cinematográfica. Quando ela era colocada de lado por um grande estúdio, ela dava um jeito e aparecia rapidamente em alguma produção de menor porte. Quando a acharam velha, ela se reinventou e deu um novo rumo aos seus trabalhos, sempre acima do bem e do mal, como uma bruxa. Sem dúvidas, uma estrela.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Terror Mortal (Deadly Strangers, UK, 1974)

Tarde da noite e eu estava prestes a desligar a TV. Mas antes, eu quis conferir o início do filme que dá o título a esta postagem. Apesar do horário, fiquei curioso em ver a atuação de Hayley Mills num filme de terror. Para quem não sabe, Mills foi uma loirinha muito linda que protagonizou vários filmes infantis e produções da Disney que passavam na Sessão da Tarde e que fizeram parte de minha infância nos anos 80, como “Pollyana”, “Verão Mágico” e “O Grande Amor de Nossas Vidas” (The Parent Trap), este último refilmado com Lindsay Lohan. Ainda no elenco de “Terror Mortal”, os expressivos atores Sterling Hayden e Simon Ward.
Clima sombrio, um assassinato violento logo no início, as desertas e frias estradas da Inglaterra como cenário principal e personagens interessantes: um caminhoneiro esquisitão, um bom rapaz (Simon Ward) e uma bela jovem (Mills); ou seja, tudo se mostrou um bom atrativo para que eu continuasse assistindo àquele filme que começou tão tarde. Depois da primeira cena de assassinato (obviamente o executor não é mostrado), há um corte e somos levados a uma outra circunstância de tom completamente diferente do prólogo. Ficamos diante do problema de Belle Adams (Hayley), uma bonita loira que teve o azar de ter seu carro enguiçado num lugar ermo.
E a boa notícia: eu não me arrependi. Era mais um filme de serial killer, mas, daquela vez, o enredo, os personagens e a ambientação tinham um diferencial que incitavam a curiosidade. Afinal, dos vários outros personagens que foram aparecendo, quem poderia ser o matador em série? Ou o assassino não era nenhum deles? O suspense era crescente e bem executado.
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No decorrer da trama, a garota consegue a carona de um caminhoneiro camarada e parecia estar segura do assassino à solta, porém, conversa vai e conversa vem, o truculento pára o veículo e resolve partir para o ataque. Ele era um tarado em potencial ou não via uma mulher bonita há muitas semanas! Aí vocês imaginam... Na confusão, ela consegue pular fora do caminhão e correr pela estrada.
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Para sua sorte (que vontade de inserir um spoiler), ela finalmente é vista por um rapaz solitário (Ward) que viajava em seu carro para um destino certo. Gentil e reservado, ele ajuda a garota e promete deixá-la em um lugar seguro. No carro - com diálogos tímidos e agradáveis - os dois começam a se entender e a flertar de modo muito elegante (será que era o jeito inglês da época?).
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O que o promissor romance fazia para nos aliviar da curiosidade, os flashbacks (sabe-se lá de quem), que sempre apareciam nos momentos mais inusitados, era o fator que nos trazia de volta a um perigo iminente do tipo: “Ei, acorda, não se deixe enganar pelo romance água-com-áçucar!!!! Você está assistindo a um filme de terror!!!”
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Era assim mesmo: as lembranças mostradas não eram claras e incomodavam, pois não se sabia qual a relação do trauma sofrido com as mortes que continuavam…
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Mais mortes, mais aproximação do casal, desconfiança de um lado (o rapaz era legal demais), constatações chegando (o caminhoneiro era tarado por sexo, mas parecia boa gente - hau!) e as lembranças de um fazendeiro cruel vão tomando conta do filme.
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O final pode não ser espetacular, mas prega um grande susto no espectador e ainda tem o atrevimento de brincar com algo que é dito, evasivamente, durante o filme.
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Ótimas performances de Hayley Mills e Simon Ward. Eu recomendo.