Mostrando postagens com marcador novos clássicos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador novos clássicos. Mostrar todas as postagens

sábado, 1 de outubro de 2016

O Abutre (Nightcrawler, 2014)



Poucas vezes temos a oportunidade de ver protagonistas tão amorais e tão sem escrúpulos no cinema, e o pior, terminar por gostar deles. O aparentemente ingênuo Louis Bloom nos dá uma lição de como pegar uma ideia de forma oportunista, desenvolvê-la com coragem e se tornar uma referência no produto, sem pudor algum, sem regras morais, sem piedade...

Logo na primeira cena, percebemos que Louis é um homem estranho e deslocado no mundo. Apesar de parecer um sujeito abobalhado, ele nos surpreende ao atacar um vigilante desavisado para tão somente roubar o relógio bacana do sujeito. Depois disso, é revelado que ele pode ir além, tendo a capacidade de enfrentar e coagir pessoas espertas por meio de sua desenvoltura com as palavras e de sua capacidade de observar os pontos fracos dos outros de forma sutil e ardilosa.

Por fim, essa impressão vai por água abaixo quando temos a certeza de que o personagem é um canalha bem articulado.



Em O Abutre (Nightcrawler, 2014), o ótimo Jake Gyllenhaal compõe mais um personagem brilhante para sua galeria de tipos fora do comum. Assim como em Donnie Darko (2001), o ator tomou o cuidado de manter seus olhos sempre bem abertos, sem piscar, sem desviar a visão de seu foco, tudo para potencializar o modo soturno da caracterização. Complementando a composição, por conta própria, Gyllenhaal decidiu emagrecer 10 quilos e usar um cabelo do tipo corte-me, por favor.

No primeiro ato do longa, mesmo sob o impacto da primeira cena, persiste a ideia de que estamos diante de um ladrão medíocre que quer um emprego e construir um nome, mas que ainda não se deu bem por não estar no lugar certo, na hora certa, para a sacada de sua vida. Não obstante a consciência de que poderia parecer patético, ele não se constrange ao pedir um emprego para o dono da empresa de fachada que compra seus itens roubados. Quem vai dar um trabalho a um um ladrão pé-de-chinelo confesso? Ele parece mesmo um estúpido...

Louis Bloom aprendeu grande parte de seu discurso impecável em pesquisas na internet, o que seria algo até plausível para um homem deslocado, desde que ele fizesse uso disso somente naquelas conversas introdutórias e superficiais. O problema é que ele tem a capacidade de manter essa mesma tática memorizada ao longo de uma relação, revelando, assim, seu lado sociopata. Psicótico, Bloom é um autodidata que planeja suas falas e que arma o declínio de seus opositores sem se preocupar com a gravidade do resultado. Um perigo!



Dirigindo noite adentro, Louis se depara com um grave acidente de carro e observa algumas equipes independentes que gravam aqueles momentos funestos para vender às emissoras de TV.  É aí que surge a ideia de comprar uma câmera (também trocando material de roubo), usar um rádio receptor e captar os alertas policiais para chegar antes aos locais dos desastres e dos assassinatos.


Meio descontrolado a princípio, ele arruma encrenca com pessoas próximas às vítimas, com policiais que estranham seu jeitão atabalhoado e com profissionais mais bem preparados (como o interessante personagem de Bill Paxton), que querem afastar aquele "abutre" amador das cenas de sangue e conflito.

E é num desses momentos de empurrões e desentendimentos que ele consegue capturar com mais precisão o resgate de um grave acidentado. Na espreita, ele procura saber a quem levar aquele tipo de filmagem, dirigindo-se, então, a uma emissora que estava no jogo do quanto mais chocante melhor. Logo no primeiro contato, ele conhece a diretora de um programa que procurava mostrar matérias sensacionalistas, vestindo um véu de jornalismo investigativo e de prestação de serviços sociais. Aquele mundo cão da TV...


Com esse material grotesco, ele consegue a atenção da diretora de TV Nina Romina (brilhantemente interpretada pela sempre bela Rene Russo), entrando num esquema de atração e disputa. Ela querendo cenas cada vez mais impactantes, ele querendo cada vez mais estrutura e apoio para crescer naquele ramo. Um alimentando o outro, um querendo devorar o outro. Nessa, os dois se dão bem. Porém, é exatamente nesse jogo que Nina descobre estar nas mãos do bobão. O longo discurso em que Gyllenhall, sem receio algum, propõe (exige!) um romance porque aquilo seria uma extensão de seu negócio, é de deixar qualquer um admirado com seu domínio de texto e gestos. Contudo, falta de escrúpulo por falta de escrúpulo, a proposta imoral, apesar de audaz e desrespeitosa, termina por não ser bem um risco para ela. Seria um vantajoso jogo de interesses, um romance entre picaretas (que merecia algumas cenas mais intensas, penso), uma armação de gato e rato.


O filme traz um debate interessante sobre o que o público, mesmo que inconscientemente, busca no jornalismo da TV. Existe, sim, uma grande parte de expectadores que tem um gosto maior pelos crimes e acidentes locais, deixando de lado as reportagens de abrangências nacionais e internacionais. Isso acontece muito no Brasil também.

Depois de tanta ousadia e de tantas demonstrações de mau-caratismo, terminamos por simpatizar (e até por torcer) pelo personagem de Gyllenhaal, pois sabemos que um tipo como aquele, depois de uma jogada tão bem articulada,  merece se sair bem (lógico que na ficção).

Uma pena não ter havido sequer uma indicação ao Oscar...

Recomendo sem ressalvas!







terça-feira, 13 de setembro de 2016

The Ring

Existe uma corrente de cinéfilos que criticam a mania dos norte-americanos de promoverem adaptações de filmes de outros países que fizeram sucesso pelo mundo afora. Cheguei a ler que isso se deve à preguiça dos cidadãos dos Estados Unidos de lerem legendas e à falta de inspiração dos grandes estúdios para produzirem filmes com um bom argumento. E as críticas vão além: a s refilmagens de longas originados em países de língua não inglesa estão apresentam resultados muito ruins. Os remakes (com alteraçãos para atender o estilo hollywoodiano) têm como fontes os filmes de sucesso de países como o Japão, a Tailândia e a Espanha.
.
Como exemplos, temos: "O Grito" (The Grudge , USA, 2004) e sua deprimente continuação, refilmagem de "Ju-On - O Grito" (2000); "O Olho do Mal" (The Eye, USA, 2008), com Jessica Alba (provando que é realmente bonita e péssima atriz), refilmagem de "The Eye - A Herança" (2002); "Imagens do Além" (Shutter, USA, 2008), refilmagem do ótimo "Espíritos - A Morte Está ao Seu Lado" (2004); e "Uma Chamada Perdida" (One Missed Call, USA, 2008), refilmagem de "Chakushin Ari" (2003). Os remakes mencionados acima nos apresentaram filmes inferiores aos originais e, em alguns casos, verdadeiras bombas, o que me leva a sugerir que as pessoas procurem assistir aos longas que serviram de base para o produto norte-americano. Acho que serão mais felizes.
.
E notem que os filmes originais nem são tão antigos e poderiam ter sido distribuídos dignamente no país, sem a necessidade de um alto custo para uma versão fraca.
.
Felizmente nem todas as versões norte-americanas ficaram ruins, uma vez que temos sido presenteados com gratas surpresas como "Água Negra" (Dark Water, USA, 2005), com a ótima Jennifer Connelly, sendo uma refilmagem de "Honogurai Mizu No Soko Kara" (2002); "Vanilla Sky" (Vanilla Sky , USA, 2001), um filme bom, embora inferior ao original espanhol "Abre los Ojos" (1997) e "O Silêncio do Lago" (The Vanishing, USA, 1993), refilmagem de "Spoorloos" (1988), da Holanda. Eu tenho ciência de que os dois últimos citados foram "condenados" pela crítica especializada, mas ficaram bastante razoáveis e renderam bons comentários de muitos que os assistiram.
.
Mas vamos ao que interessa:
.


Diante dessa introdução, quero me referir a um filme que marcou a trajetória de filmes de terror e trouxe um diferencial para os fãs do gênero: o excelente "O Chamado" (The Ring, USA, 2002). A prova disso é que, logo após o grande sucesso dessa refilmagem, a quantidade de filmes que tentaram copiá-lo foi absurda e descarada, chegando ao ponto de produzirem (gastando dinheiro) filmes toscos e risíveis.
.
À exceção do excelente "Os Outros" (The Others, USA, 2001), estávamos sendo invadidos por uma bateria de produções que entraram na onda dos sucessos das franquias de "Pânico" (Scream), mas sem a inteligência deste, que sabia brincar consigo mesmo, de "Lenda Urbana" (Urban Legend) e "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado" (I know what you did last summer), ressucitando até a franquia de "Halloween", e passando por aqueles filminhos que mostravam vários jovens atores nos cartazes de divulgação, como o chato "Alucinação" (Soul Survivors, USA, 2001), o mediano "Comportamento Suspeito"(Disturbing Behavior, Australia, USA, 1998) e o aceitável "Prova Final" (The Faculty, USA, 1998).

Nesse cenário, surgiu "O Chamado", uma produção caprichada e bem divulgada que rompeu com os estilos que predominavam para um filme de terror, valorizando o aspecto psicológico, a dúvida e a sugestão. É claro que a produção norte-americana não conseguiria deixar de usar o que seus cidadãos adoram: efeitos especiais e sons altos nos momentos de impacto, o que não teve no original "Ringu" (1998).

Com direção de Gore Verbinski (de "Piratas do Caribe"), que até então só havia dirigido o "A Mexicana" (um filme sem muita prosperidade), um curta-metragem e o infantil "Um Ratinho Encrenqueiro", e distribuído pela DreamWorks (de Steven Spielberg e cia), "O Chamado" despertou interesse logo que a inteligente campanha de marketing começou a divulgá-lo.
.
É certo que houve algumas modificações do original japonês de forma a torná-lo mais próximo dos espectadores ocidentais, mas a trama foi mantida por ser muito boa (se não fosse, é claro que não haveria um remake norte-americano). A história começa com duas garotas (caracterizadas como típicas adolescentes dos Estados Unidos) que estão sozinhas na casa de uma delas e que chegam ao assunto de uma lenda urbana que rezava sobre uma maldição em torno de uma fita VHS. A fita tinha um conteúdo muito estranho e quem a assistia recebia uma ligação que sussurrava "sete dias". Com esse prenúncio, a pessoa estava amaldiçoada e iria morrer no prazo mencionado.
.
Katy (Amber Tamblyn - que protagonizou o ridículo "O Grito 2"), uma das garotas, fica assustada, pois, há uma semana, ela esteve com o namorado e um casal de amigos num chalé e assistiu a uma fita muito estranha que estava no acervo do local. Rebecca (Rachael Bella), a outra garota, ri e conta que tudo não passava de bincadeira, de uma lenda urbana. Mas nessa mesma noite, algo tenebroso acontece com Katy. O que no original japonês é só insinuado, havendo um corte no momento crucial, na versão americana, há um número maior de detalhes, sem, contudo, revelar o que causou a morte de Katy.
.
Calma! O que eu escrevi é só o início do filme. No funeral de Katy, sua mãe (Lindsay Frost ) se mostra indignada, querendo entender o que faria uma garota de 16 anos morrer do coração e apresentar uma expressão de puro pavor no rosto, enquanto sua amiga Rebecca enlouquece e é internada num hospital psiquiátrico, entrando em estado catatônico.

A partir de então, inicia-se o enigma de "O Chamado", entrando em cena a prestigiada e linda atriz Naomi Watts (foto acima). Interpretando a repórter Rachel Keller (papel recusado por Jennifer Connelly, Gwyneth Paltrow e Kate Beckinsale - as duas primeiras até poderiam se dar ao luxo de recusar, mas a terceira...), Watts dá um tom dramático e dinâmico para sua personagem, o que trouxe um ótimo diferencial para o filme. Uma grande profissional que soube dar crédito às situações absurdas apresentadas na produção graças à sua seriedade e competência.
Rachel é tia de Katy e, durante o funeral, acaba ouvindo a conversa de algumas garotas sobre as coincidentes mortes trágicas dos três companheiros que tinham ido ao chalé com sua sobrinha (o namorado e o casal de amigos). Intrigada, Rachel resolve investigar a situação e se depara com uma história assustadora que pode comprometer a sua vida e a de seu filho Aidan (David Dorfman), um menino sensitivo que já havia previsto a morte de Katy.
Com incidência de sons muito bem acertados e um cuidadoso trabalho de fotografia, "O Chamado" envolve o espectador do início ao fim, causando uma sensação de ansiedade, medo e uma grande curiosidade para saber o que há por trás daquela fita VHS.


Completando o elenco, além do ator em ascensão Martin Henderson (de "Fúria em Duas Rodas"), temos os veteranos Brian Cox e a sempre agradável Jane Alexander (de "Kramer vs. Kramer").


Não foi por acaso que a angelical e bonitinha Daveigh Chase (foto acima) ganhou o MTV Movie Awards, na categoria de Melhor Vilã, por ter dado vida à estranha e malévola Samara Morgan, um dos trunfos do filme. Destaque para um grande momento: a seqüência do cavalo furioso na balsa que, diante da proximidade de Rachel, sente o prenúncio da maldição, tornando-se um animal feroz e incontrolável que chega a romper a sua cela de proteção. É uma das cenas mais assustadoras do filme, embora o público eleja outras como aquelas que os deixaram com medo de dormir.

Algo que ficou interessante na versão norte-americana foi o título do filme. Em vários momentos, um círculo é mostrado (de forma explícita ou subliminar), o que poderia ser um anel (ring), uma aliança, um simbolo de ligação; no entanto, ring, no idioma inglês, também serve para os toques telefônicos. No filme, aqueles que chamam as vítimas para ouvir a mensagem fatal... Seven Days! Desta forma, criou-se um dubiedade na interpretação do que seria "The Ring". Tanto que o cartaz norte-americano do filme traz a seguinte mensagem: "Before you die, you see", ou seja, não é "ouvir" como no pôster em português.

.
Não posso deixar de comentar um ponto destoante: "O Chamado", talvez pela diferença de tempo da produção norte-americana com a japonesa, nos apresenta uma modernidade (grandes televisões de plasma - provavelmente com conversor digital integrado, HDTV, conexões HDMI e USB, celulares pequenos, computadores avançados, equipamentos de captura de imagens etc) que contrasta com a fita VHS, o objeto principal do filme, afinal, são poucos os que ainda têm seus aparelhos de video cassete instalados em casa...
.
Segue abaixo o conteúdo da fita VHS que determinava a morte de quem assistia. Mas não se assuste se, ao terminar de assistir, você receber uma ligação com uma voz sussurrante, dizendo: "seven days".

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Hardware: O Destruidor do Futuro


Sem destaque nas telas de cinema aqui do Brasil, o filme Hardware - O Destruidor do Futuro (Hardware, 1990) fez sucesso no segmento home video e se tornou cult para uma legião de fãs do gênero ficção-científica.

O visual bem elaborado acertou em cheio na sensação opressiva do mundo pós-apocalíptico retratado na história, transmitindo bem a insegurança dos personagens e a necessidade de transformar seus lares em fortalezas.

A história se passa num futuro incerto, em que as pessoas precisam se adaptar ao que restou após uma guerra nuclear, buscando se proteger da radiação, das chuvas ácidas e das tempestades de areia. Sem muita noção do que se passa em outros arredores, o clima de desconfiança faz com que as pessoas vivam isoladas, transformando suas moradias em ambientes frios, escuros, cheios de máquinas.


Aqueles que se aventuram a andar pelo mundo quase desértico recolhem peças e informações para os que optaram por passar a maior parte do tempo nos seus fortes. Numa cena de agradável fotografia e enquadramento de câmera, um andarilho misterioso recolhe partes de um robô completamente destroçado e espalhado pela areia, levando-o para vender na cidade mais próxima. O amontoado de metais é comprado por Jill (Stacey Travis), uma bela artista plástica, que resolve aproveitar o material e fazer uma escultura com a cabeça do robô. 

O que a moça não imaginava é que ela estava diante de um protótipo Mark 13, uma máquina criada pelos militares para controlar qualquer tipo de rebeldia por parte da população. O robô tinha a capacidade de se auto-recompor com sua avançada tecnologia, podendo executar a programação pela qual foi concebido: matar qualquer ser humano.


Quando Jill percebe que crânio cibernético já havia se apoderado de várias peças e metais à sua volta, tendo inclusive eliminado uma vítima de forma brutal, ela recorre ao seu namorado valentão, interpretado por Dylan McDermott, o protagonista da premiada série de TV O Desafio (The Practice, 1997-2002), mas já era um pouco tarde. A máquina estava em avançado estágio de reconstituição e apta a estraçalhar toda carne humana à sua frente. Equipado com sensores digitais e infra-vermelho, Mark 13 era um equipamento bélico capaz de se deslocar com destreza, podendo enxergar até na mais negra escuridão. Não por acaso, o filme começa com um provérbio bíblico: "Nenhuma carne será poupada".


A trilha sonora tem a música Ther Order Of Death, do Public Image Ltd., e faz uma conexão eficaz com a densidadade de vários momentos do filme. Além de Travis e McDermott (que atualmente está no ótimo seriado American Horror Story, 2011-2012), o elenco traz o ator irlandês John Lynch e o roqueiro Iggy Pop, no interessante papel de um radialista cheio de personalidade.


O filme teve seus efeitos especiais premiados no Festival de Cinema Fantástico de Avoriaz, na França.





sábado, 11 de maio de 2013

Homem de Ferro 3


A parte final de uma trilogia de sucesso no cinema sempre traz ansiedade, especulação, e por que não dizer, temor. E quando se trata daquele arrasa-quarteirão que transpõe um cultuado comic para tela grande, a possibilidade de alvoroço é ainda maior. Neste caso, além do habitual público do cinemão,  existe uma outra legião a ser considerada: os ferrenhos fãs dos quadrinhos que se sentem no dever de fazer comparações e apontar os erros na adaptação.

As imensuráveis divulgações começam bem antes da estreia (para não dizer que começam até mesmo durante a projeção dos créditos finais do filme anterior). Nesse contexto, acompanhamos desde então informações sobre escalação do elenco, salários negociados, contratação de diretores, desligamento de profissionais e vários outros detalhes das fases pré e pós-produção. Ficamos sabendo, também, das brigas entre grandes estúdios. Em casos extemos, acontecem vazamentos de fotos e vídeos, chegando ao cúmulo de, algumas vezes, captarem e divulgarem até a produção inteira.


Antes do simples entretenimento, a indústria do cinema é um negócio rentável. E perigoso. Temos vários exemplos de partes finais de trilogias que sofreram rejeições do grande público mesmo após estudos, pesquisas e sessões experimentais. Em alguns casos, boatos negativos levam os produtores a divulgarem  teasers de impacto, somente para atenuar alguma balbúrdia. E são em ações como essa que temos exemplos clássicos de cenas de trailers que não apareceram na versão final do longa.

Com o Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, 2013) não foi diferente. Foram muitas notícias, muito alarde, muitos teasers, muitas fotos de bastidores e, ao final, algumas decepções.

É o tipo de filme para ser visto no cinema. Grandes efeitos, trama dinâmica (morna em alguns momentos) e definição do rumo de alguns personagens.


Vejamos:

a) um grande inimigo sofre uma mutação que o deixa com poderes capaz de eliminar o mundo; b) desafiado e com sede de poder, o vilão causa destruições e pânico; c) herói entra em crise de identidade e precisa de um certo tempo; d) mocinha do filme é colocada em grande perigo e somente seu amado pode salvá-la. 

De qual filme estou falando? Spider-Man 3, Superman 3, Hulk, Batman, Wolverine?  De todos eles, não é mesmo? Parece que existe um certo receio de sair desta fórmula e entrar numa proposta mais ousada, visto que é muito dinheiro envolvido. Mas surpresa e coragem são elementos muito bem-vindos, o que não temos visto ultimamente nos roteiros de super produções. Se não trouxerem o arqui-inimigo, corre-se o risco de haver uma predisposição à rejeição pelo filme. Então divulgam um nome conhecido (ao menos para os nerds, viciados em comics e marmanjos infantis de plantão), para que o entusiasmo esteja voltado à vontade de ver o tratamento que foi dado ao personagem do quadrinho na tela. Aí vale quase tudo, até uma certa cilada...

Desta vez, quando o terrorista Mandarim (Ben Kingsley, ótimo) provoca uma explosão que atrai a atenção de Tony Stark (Robert Downey, Jr.), este, num ímpeto de revolta, desafia o inimigo para um confronto, divulgando seu endereço em rede mundial. Furioso e com armas letais à sua disposição, o maníaco surpreende a todos e destrói a fortaleza do Homem de Ferro, fazendo com que o heroi seja dado como morto.


Sem o seu braço direito Happy Hogan (Jon Favreau), que se feriu num dos ataques do Mandarim e entrou em estado de coma, e sem a namorada Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), que escapou do ataque à mansão, mas foi afastada do heroi; Tony Stark ruma para cidade em que ocorreu uma das estranhas explosões que vinham assustando a população.

Aprofundando-se em suas investigações, mesmo acometido por sensações de pânico e vertigens, Tony Stark, descobre que o Mandarim estava usando uma perigosa tecnologia desenvolvida pelo geneticista Aldrich Killian (Guy Pearce), o que possibilitava a criação de um exército mutante com alto poder de destruição. 


Tendo de superar seus traumas e usar sua criatividade para invadir o espaço do Mandarim, Tony Stark tem uma grande surpresa na sua empreitada, precisando repensar sua estratégia e lidar com outros inimigos com potencial de ataque.

O roteiro mal cuidado do filme não explica alguns pontos importantes, deixando as cenas de ação serem maiores que a história em si. Da mesma forma, a edição final, sempre sujeita a cortes, acabou deixando personagens interessantes com pouca expressão no longa, como a bela cientista Maya Hansen (Rebecca Hall), ao passo que uma criança peralta aparece mais do que deveria. Sorte para Gwyneth Paltrow que, ao contrários dos outros filmes, teve maior importância nesta terceira parte, saindo da tarefa de interpretar tão somente a mocinha abnegada da história. Justiça seja feita ao talento e carisma da Downey Jr.,  mas o destaque ficou mesmo com o veterano Ben Kingsley, que transita feito um mestre entre um terrorista cruel e um...  Deixa pra lá...

O vilão mata a tudo e a todos, mas quando tem a oportunidade de liquidar alguém que realmente poderia colocá-lo em perigo, como o personagem James Rhodes (do chato Don Cheadle), ele se contenta com um golpe qualquer, deixando-o vivo e sem ferimentos.


Os efeitos especiais são incríveis, mas não é por menos: a lista de nomes e de empresas mostrados nos créditos finais do filme chega a impressionar. É muita gente, é muita tecnologia envolvida.

Falando em efeitos, destaque para duas cenas: aquela em que a fortaleza do heroi é atacada pelo exército do Mandarim, como também para o momento em que o Homem de Ferro salva a tripulação de um avião, instruindo-os a uma perfeita composição de queda livre.

Com relação ao golpe que a produção deu nos impetuosos leitores das histórias em quadrinhos, penso que, para não chocar tanto, deveriam ter desenvolvido uma trama em que o vilão original, um ser ardiloso, após alguns atos terroristas, desaparece em suas fortalezas secretas (ora, Osama bin Mohammed bin Awad bin Laden fez isso por um bom tempo), levando o seu financiador a forjar uma história convincente e arrumar um impostor. Mas não... Optaram por um recurso hilário! Pelo bem ou pelo mal, o argumento escolhido deu, mais uma vez, a chance de Ben Kingsley mostrar que é um mestre na arte de interpretar.  Esse assunto de novo? Acho que estou com vontade de escrever um SPOILER...

No mais, apesar das falhas, a ida ao cinema é um entretenimento de primeira.








sexta-feira, 26 de abril de 2013

As Namoradinhas de Kevin Arnold


1 - Winnie Cooper (Danica McKellar)
 2 - Becky Slater (Crystal McKellar) 
3 - Lisa Berlini (Kathy Wagner)
 4 - Linda Sloan (Maia Brewton) 
5 - Margaret Farquhar (Lindsay Fisher) 
6 - Miss White (Wendel Meldrum) 
7 - Teri (Holly Sampson)
 8 - Susan Fisher (Kelly Packard)
 9 - Mimi Detweiler (Soleil Moon Frye) 
10 - Madeline Adams (Julie Condra) 
11 - Cara (Lisa Paige Robinson) 
12 - Jennifer Hasenfuss (Whitney Kershaw)
 13 - Gina Pruitt (Heather Green) 
14 - Inga Finnstrom (Shevonne Durkin) 
15 - Denise “The Grease” LaVelle (Amy Hathaway) 
16 - Cindy (Heather McComb) 
17 - Sandy Tyler (Carla Gugino) 
18 - Julie Aidem (Wendy Cox) 
19 - Cindy Fleming (Heather Allen Spiegel) 
20 - Jessica Thomas (Alicia Silverstone)

  

Kevin Arnold (Fred Savage)
Anos Incríveis (The Wonder Years, 1988-1993)

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Matrix (1999)



Com as lutas brilhantemente coreografadas pelo especialista Yuen Wo Ping, a direção dos visionários irmãos Wachowski e os arrojados efeitos especiais, o novo clássico Matrix (idem,1999) tornou-se um filme ímpar e pode ser considerado um divisor de águas na história de longas de ficção.

Com relação aos efeitos visuais, não foi somente o emprego cuidadoso dos recursos de computação gráfica que contribuíram para o show de imagens que se tornou Matrix., uma vez que enquadramento, montagem de cenas e edição final também potencializaram o grande acerto que foi o resultado desta produção.




Quem não se surpreendeu com a primeira cena em que Trinity (Carrie-Anne Moss) dá um salto capturado em diversos ângulos (vejam o vídeo no final do post) para acertar um policial desavisado de suas técnicas? Várias outras produções brincaram com esse recurso, num clara referência à genialidade da criação.


.
E o roteiro também não decepcionou: a história de um analista de sistemas meio trambiqueiro que é inserido num mundo virtual criado por avançados computadores, descobrindo que nosso mundo real não passa de uma ilusão, despertou a curiosidade e o debate entre vários cinéfilos, principalmente por aqueles que já se viam envolvidos pela internet de 1999.



Muito difícil não sair do cinema e não olhar para o mundo com uma certa dose de desconfiança, ainda que por sentimentos lúdicos em poucas horas após a sessão.

.
Keanu Reeve teve em seu protagonista Neo a chance de brilhar em um grande papel do cinema, enquanto que Laurence Fishburne e Hugo Weaving  provaram, mais uma vez, que têm força para encarar papéis enigmáticos e quase farsescos.



Neste Matrix,  Morpheus (Laurence Fishburne) dá a possibilidade a Neo de escolher entre tomar a pílula azul ou a vermelha. Tomando a azul, Neo voltaria à sua ilusória e superficial vida; ao passo que, se optasse pela pílula vermelha, conheceria a verdade que estava por trás do mundo que julgava ser real. Neo arriscou e optou pela pílula vermelha, conhecendo, finalmente, a complexa e perigosa realidade oculta pelo mundo de aparências.



Vamos supor que nosso mundo  também fosse uma espécie de Matrix global, desta forma, fica a pergunta: por qual pílula vocês optariam por tomar?
















quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Cisne Negro

O longa Black Swan (2010) promete causar furor e deixar sua marca como um dos melhores filmes do ano, mesmo tendo seu lançamento no apagar das luzes de 2010.

Dirigido por Darren Aronofsky, do bem conceituado Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream, 2000), o filme nos apresenta a história de uma dedicada bailarina que se prepara para a montagem do clássico O Lago dos Cisnes, do compositor russo Tchaikovsky. Eficiente e perfeccionista, a garota se vê surpreendida com a a notícia de que teria uma rival, na realidade, outra jovem bailarina que estava ensaiando o mesmo espetáculo para substituir a estrela em caso de alguma eventualidade. 
A partir de então, surge um jogo manipulador e agressivo entre as duas garotas que, embora iniciem a relação como amigas, chegam às vias de fato num embate que já chocou platéias em diversos festivais, dentre eles o de Toronto e o de Veneza.

Aviso aos navegantes: o ápice é quando elas se pegam e têm uma luta explícita, praticamente sexual, regada a ecstasy e delírios

A protagonista é ninguém menos que a talentosa Natalie Portman, que estará adicionando mais um trabalho primoroso à sua equilibrada carreira. A antagonista é a interessante Mila Kunis, que deu o ar da graça no trêfego Max Payne (Idem, 2008). Completando o elenco, os poderosos Vincent Cassell (Irreversível / Irreversible, 2002), Wynona Ryder (Garota, Interrompida / Girl, Interrupted, 1999)  e Barbara Hershey (Uma Mulher Perigosa / A Dangers Woman, 1993).
A sempre agradável Portman, atriz de grandes sucessos como Closer -  Perto Demais (Closer, 2004),V de Vingança (V for Vendetta, 2006) e Star Wars II - Ataque dos Clones (Star Wars: Episode II - Attack of the Clones), admitiu em entrevista que  se candidatou ao papel sem ter noção do quanto seria difícil executá-lo. Ela teve um treinamento árduo de nove horas por dia,  durante algumas semanas, e disse que passou a valorizar mais o trabalho das bailarinas após sentir na pele o quão árduo é o ofício dessas mulheres que precisam se exercitar duramente para aparentar graça e leveza no palco. 
Uma boa dica para se conferir mais uma performance de Natalie Portman e descobrir a razão de este filme ter causado elogios e alvoroços nos festivais em que foi apresentado.