quinta-feira, 13 de novembro de 2008

In Bruges

É curioso quando vamos ao cinema e assistimos a um ótimo filme que foi pouco divulgado. Acredito que vários foram os motivos que afastaram o grande público do interesse em assistir ao surpreendente "Na Mira do Chefe" (In Bruges, UK, Belgium, USA, 2008). .
Primeiro: a escolha do título em português foi muito infeliz, remetendo-nos àqueles filmes patéticos de ação em que atores renomados, uma vez ou outra, os fazem por força de contratos ou por cachês atrativos.
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Segundo: o cartaz do filme tem uma diagramação pouco atrativa e os atores principais estão em poses de que tentam parecer engraçadas. .

Terceiro: Vejam só o que escreveram nos cartazes de divulgação!!! "Uma comédia de matar... Incrivelmente engraçada e muito original", "Atire primeiro, divirta-se depois"... Difícil, não?

Quarto: a maioria das pessoas acredita no talento de Colin Farrell, mas muitos sabem que ele vinha de uma seqüência de filmes... Hum! Digamos... "Cinemão Hollywoodiano demais!", tais como "S.W.A.T. - Comando Especial", "Alexandre", "Miami Vice" etc. É claro que podemos ressalvar alguns filmes, mas esses citados tiveram maior repercussão.

Colin Farrell já havia atuado em outros filmes, mas eu só fui notá-lo no interessante "Minority Report - A Nova Lei" (Minority Report, USA, 2002), ao lado de Tom Cruise, Max von Sydow e Kathryn Morris, num papel secundário que serviu para o ator ser visto como o segundo herói da trama. Depois vieram o mediano "Por um fio" (Phone booth, USA, 2002), o injustiçado "Demolidor - O homem sem medo" (Daredevil, USA, 2003), com Ben Affleck, filme pouco aceito pelo grande público, mas que revelou a capacidade de Farrell em compor tipos esquisitos, e o ótimo "O novato" (The Recruit, USA, 2003), uma produção impecável onde o ator teve o privilégio de contracenar com o astro Al Pacino. A partir de então, a fama do ator já estava solidificada.

Não é fácil classificar alguns filmes, mas, no caso de "Na Mira do Chefe", inobstante o inegável humor negro, não consigo defini-lo como "comédia", mas também não o classificaria como "drama". Filme de ação? Também não sei. Não importa! O filme te contagia do início ao fim com sua ótima fotografia, diálogos interessantes e ótimas interpretações dos atores.

Vamos à trama de "Na Mira do Chefe": dois assassinos profissionais, um mais experiente e outro praticamente iniciante (Farrell), são mandados para a pacata cidade turística de Bruges (que dá o título original ao filme), na Bélgica, onde deverão ficar num hotel tranqüilo, aguardando as instruções do "Chefe" para o trabalho que irão executar naquele local.

Enquanto aguardam, o parceiro mais velho e com mais tempo no ofício (Brendan Gleeson, excelente) resolve aproveitar a oportunidade e conhecer a agradável cidade na Bélgica. A partir de então, somos apresentados a uma seqüência de diálogos inteligentes e hilários, o que, na minha opinião, é um dos grandes trunfos do filme. Ray, o personagem de Farrell, não aceita estar em um lugar tão monótono e não esconde seu descontentamento em ter de se passar por turista de cidade histórica. Com um jeito inconseqüente e divertidamente ingênuo, ele acaba conquistando o público em cenas que poderiam ser fracas se o roteiro não fosse tão bem elaborado. .

E é claro que, como quase sempre escrevo, não há grandes chances de acerto se o elenco não for bem escolhido. Além de Farrell, somos presenteados com a perfeita atuação de Brendan Gleeson, aquele tipo de ator que a gente tem certeza de que já o viu em algum filme, mas não se lembra do seu nome e da produção. Com um jeito inicialmente durão, pelo fato de ser um assassino profissional, seu personagem nos surpreende ao se revelar como um sujeito bonachão, educado e paternal, com destaque para as cenas em que ele praticamente acalenta seu jovem parceiro e naquelas em que ele precisa atenuar situações com Marie, a singela dona do pequeno hotel, uma jovem casada e grávida de sete meses (interpretada com sutileza por Thekla Reuten).

Quando já estamos entretidos com os passeios dos dois "turistas" e com a paquera que Ray arruma nas noites frias da cidade (com a morna atriz Clémense Poésy), o filme nos mostra, em cenas em flashbacks, fatos que justificam o tom angustiado do rapaz e sua pouca valorização da vida.

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O filme é tão bem conduzido que até esquecemos de um ator em destaque no pôster, o sempre bem-vindo Ralph Fiennes. Num papel surpresa, o grande ator dá um outro rumo à história e contribui em muito para o fortalecimento da narrativa.

Portanto, não se deixem enganar pelo título em português e pela escolha inadequada do cartaz. Assistam ao filme e tenham um bom entretenimento.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Algumas belas, outras nem tanto...

Mas todas malvadas!!!

Em ordem de aparição:
Judith Anderson as Mrs. Danvers in "Rebecca" (1940)- Kathy Bates as Annie Wilkes in "Misery" (1990)- Ellen Page as Hayley in "Hard Candy" (2005)- Angela Bettis as "May" (2002)- Daryl Hannah as Elle in "Kill Bill" (2003)- Fairuza Balk as Nancy in "The Craft" (1996)- Chiaki Kuriyama as Gogo in "Kill Bill" (2003)- Helen Mirren as Morgana in "Excalibur" (1981)- Sigourney Weaver in "Death and the Maiden" (1994)- Rebecca de Mornay as Payton in "The hand that rocks the cradle" (1992)- Michelle Pfeiffer as Catwoman in "Batman returns" (1992)- Daryl Hannah in "Attack of the 50 feet woman" (1993)- Glenn Close as Alex in "Fatal attraction" (1987)- Kathleen Turner in "The War of the Roses" (1989)- Angelina Jolie in "Mr. and Mrs. Smith" (2005)- Jennifer Jason Leigh in "Single white female" (1992)- Helena Bonham Carter as Bellatrix Lestrange in "Harry Potter and the Order of the Phoenix" (2007)- Melanie Lynskey in "Heavenly creatures" (1994)- Gong Li in "Curse of the Golden Flower" (2006)- Nicole Kidman in "Dogville" (2003)- Gloria Swanson as Norma Desmond in "Sunset Blvd." (1950)- Sissy Spacek as "Carrie" (1976)- Kathleen Turner in "Serial mom" (1994)- Miranda Richardson in "Sleepy Hollow" (1999)- Eleanor Audley as Maleficent in "Sleeping Beauty" (1959)- Bette Davis in "Whatever happened to Baby Jane?" (1962)- Winona Ryder as Veronica in "Heathers" (1989)- Patricia Arquette as Alabama in "True romance" (1993)- Kirsten Dunst in "Interview with the vampire" (1994)- Joan Crawford as Lucy in "Strait jacket" (1954)- Kathy Bates as "Dolores Claiborne" (1995)- Kate Winslet in "Heavenly creatures" (1994)- Daryl Hannah in "Blade Runner" (1982)- Juliette Lewis as Mallory in "Natural born killers" (1994)- Joanna Cassidy in "Blade Runner" (1982)- Goldie Hawn in "Death becomes her" (1992)- Laurie Metcalf as Mrs. Loomis in "Scream 2" (1997)- Meryl Streep in "Death becomes her" (1992)- Lucy Liu as O-Ren in "Kill Bill" (2003).

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Caroline?

A charmosa e carismática Stephanie Zimbalist é uma atriz que não tem muita projeção no Brasil, mas que, provavelmente, a maioria do público já deve ter visto algum filme com essa renomada profissional.
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Nos Estados Unidos, Zimbalist é uma atriz de grande prestígio junto ao público televisivo, no entanto, como outras estrelas norte-americanas, ela não teve nenhum trabalho no cinema que emplacou.
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Stephanie iniciou sua carreira desempenhando um papel importante no filme Yesterday's Child (1977), ao lado de atrizes consagradas como Shirley Jones e Geraldine Fitzgerald. A partir de então, a atriz atuou em vários e ininterruptos filmes, tendo destaque o bom drama "A longa viagem de volta" (Long Journey Back, USA,1978) e o suspense psicológico "A Enviada do Mal" (The Babysitter, USA, 1980).
Ela estava com sua carreira sólida quando aceitou ser a "mocinha" do seriado de TV Remington Steele, protagonizado por Pierce Brosnan, e acabou roubando muitas das cenas do até então pouco conhecido 007. O seriado, que foi intitulado "Jogo Duplo" aqui no Brasil, teve seis temporadas de sucesso durante os anos de 1982 a 1987.

Existem vários filmes de TV que podem ser citados e que servem para comprovar o talento da atriz, tais como: Elvis e a Rainha (com Don Johnson, de Miami Vice), Erros do Passado, O Assédio do Poder, Encontros Fatais (com Jennifer O'Neal, de Verão de 42), Fuga na Selva (com Julian Sands, de Encaixotando Helena), Sem Chance de Cura, Segredos do Passado (com Walter Matthau), Múltipla Identidade (com JoBeth Williams, de Poltergeist O Fênomeno), Perseguição Sem Limites e "Love on the Run" (com Alec Baldwin).
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Mas foi com o longa feito para TV Caroline? (Caroline?, USA, 1990), dirigido por Joseph Sargent, que Stephanie Zimbalist teve a oportunidade de brilhar num papel delicado e desafiador.

O filme nos traz a história de uma bela balzaquiana (Zimbalist) que chega no lar de Paul Carmichael, um velho e bondoso milionário (interpretado por George Grizzard), alegando ser sua filha Caroline Carmichael, uma garota que estava desaparecida há 15 anos. O sumiço havia ocorrido durante uma viagem a passeio, quando Caroline ainda era uma adolescente. O homem, diante da incrível semelhança e do pleno conhecimento da moça sobre peculiaridades da família, aceita aquela estranha com muita emoção e carinho. A explicação sobre o tempo ausente é respaldado por uma convincente história de problemas emocionais causados no acidente que ela havia sofrido, mas a garantia de sua aceitação acaba sendo a singularidade no comportamento e nos gestos que ela tinha de Caroline.


No entanto, Grace (Pamela Reed, de Um tira no jardim de infância), a atual esposa de Paul, desconfia de que aquela mulher recatada não é a adolescente extrovertida e inquieta que ela conhecia somente por fotos e informações. Pensando em preservar a fortuna para seus filhos, o nerd Winston Carmichael (Shawn Phelan) e a deficiente Heidi (Jenny Jacobs), Grace inicia uma série de eventos para averiguar se aquela moça era mesmo a adolescente desaparecida, chegando a promover uma festa com os antigos colegas de escola de Caroline a fim de desmascarar a possível intrusa. Ao mesmo tempo em que Grace se frustra com cada tentativa de provar que a moça é uma impostora, Caroline também comete alguns vacilos, o que poderia ser significativo ou não, visto que a garota havia sofrido uma amnésia temporária depois do acidente, no entanto, os erros, algumas vezes, nos induzem a acreditar que a madrasta poderia estar certa.
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Inobstante os desentendimentos, Caroline se mantém serena e inicia um suave processo de aproximação com seus irmãos, à medida que conquista cada vez mais seu pai adoentado.

O interessante na produção é que a trama não se resume somente à questão da moça ser ou não Caroline, sendo complementada com o envolvimento da "natimorta" com os meio-irmãos, em especial, com a Heidi, a garota que tem deficiência física e parcialmente mental, assim como com a relação de amizade com a enigmática Flora Atkins (interpretada com sutileza pela veterana Dorothy McGuire).

O desenvolvimento do filme é bem eficaz e mantém a atenção do início ao fim. Quanto ao final, só posso dizer que foi o mais acertado possível, deixando uma mensagem terna, simbólica e ambígua.

Com ótima reconstituição de época, bem produzido e tendo sido vencedor do Emmy em três categorias, incluindo Melhor Direção de Drama Produzido para TV, e indicado ao Golden Globe de Melhor Atriz em Filme Feito para TV (Zimbalist), "Caroline?" é uma produção que merece ser conferida.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O Primo Basílio - A Minissérie


Grande momento da minissérie "O Primo Basílio", exibida em 1988, baseada no romance homônimo de Eça de Queiroz e adaptado por Gilberto Braga e Leonor Bassères.


A premiada Giulia Gam, em seu segundo papel na TV, tendo a oportunidade de contracenar com a super Marília Pera. A minissérie teve muitas cenas marcantes e foi bastante ousada em alguns aspectos.


Abaixo, o momento da "Revelação das Cartas".




quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Quem é Jeff East?

É comum alguns atores mirins não conseguirem se firmar no estrelato quando adultos. Temos casos recentes de verdadeiros astros infantis que já estão sentindo o peso do ofício.

Na postagem sobre o filme “Terror Mortal” (Deadly Strangers, UK, 1974), citei a atriz Hayley Mills, que fez uma sucessão de bons filmes quando criança, mas que, depois de adulta, não conseguiu manter o mesmo prestígio.

Foi o que aconteceu com o talentoso ator Jeff East. Assim como Mills, ele protagonizou produções da Disney e fez uma série de filmes de sucesso na sua infância e adolescência. Em virtude de seu sucesso em comerciais de TV, programas adolescentes e dos próprios trabalhos como ator, ele foi, muitas vezes, destaque da famosa revista teen norte-americana Tiger Beat.

Jeff East e Phyllis Thaxter em cena de Superman (1978)
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Por ironia, a sua grande chance no cinema marcou o início do declínio de sua carreira. Jeff East interpretou o jovem Clark Kent, na fase Smallville, da mega-produção “Superman O Filme” (Superman – The Movie, USA, 1978), trabalho que lhe rendeu maior relevância junto a um público mais diversificado.

Jeff East e o ícone do cinema Glenn Ford, também em cena de Superman (1978)
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Em entrevista, Richard Donner, o diretor de Superman (1978), elogiou o trabalho de East e manifestou sua admiração pelo ator que foi selecionado entre centenas de jovens.

No entanto, East ficou muito desapontado com a decisão dos produtores ao saber que, na edição final do longa, ele seria dublado por Christopher Reeve (o inesquecível e insuperável Superman/Clark Kent na fase adulta), o que de fato aconteceu. A justificativa foi a de que East tinha a voz muito anasalada e diferente da voz bem impostada de Reeve, o que poderia trazer uma certa estranheza para os espectadores. E não foi só isso, o ator (East), que é loiro, não quis pintar seus cabelos cacheados. A opção foi o uso de uma peruca, o que também o desagradou ao ver o resultado nas telas (em algumas cenas, fica visível que o cabelo armado não é dele).

Após "Superman", podemos citar alguns (poucos) bons filmes que East participou:

"Bênção Mortal" (Deadly Blessing,USA, 1981), um dos primeiros filmes de destaque da super estrela Sharon Stone, onde East faz o papel de um religioso reprimido que morre de vontade de experimentar as boas coisas da vida.

"A Vingança do Diabo" (Pumpkinhead, USA, 1989), um filme de terror cult do especialista em efeitos especiais Stan Winston (exercitando seu lado diretor nesse longa), onde East contracena com Lance Henriksen e Cynthia Bain.

"O Dia Seguinte" (The Day After, USA, 1983), o famoso filme feito para TV e exibido nos cinemas aqui no Brasil, onde o ator aparece ao lado do ótimo Jason Robards e de outros atores de peso: JoBeth Williams, Steve Guttenberg, John Lithgow, Amy Madigan, dentre outros.

Uma boa notícia é que o ator, após um período afastado, voltou à ativa no filme de terror "Last Breath" (2008), ainda sem título em português.

Boa sorte, Jeff!

Os Bons Olhos Azuis




Paul Newman (1925 - 2008)
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O cinema se despede de um de seus grandes astros: Paul Newman. Não são muitos os atores que tiveram uma carreira tão sólida, marcada por escolhas corretas e papéis que se tornaram inesquecíveis.
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Newman teve oito indicações para o Oscar de Melhor Ator:
"Gata em Teto de Zinco Quente" (1958)
"Desafio à Corrupção" (1961)
"O Indomado" (1963)
"Rebeldia Indomável" (1967)
"Ausência de Malícia" (1981)
"O Veredicto" (1982)
"A Cor do Dinheiro" (1986)
"O Indomável - Assim é Minha Vida" (1994)
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Recebeu o Oscar de Melhor Ator por "A Cor do Dinheiro" (1986), e, por sua atuação em "Estrada para Perdição" (2002), recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Em caráter especial, foi premiado outras duas vezes com o Oscar: um em 1985, em reconhecimento do conjunto de seu trabalho no cinema, e outro em 1993, pela sua atuação junto a causas humanitárias.
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O ator faleceu com 83 anos, vítima de câncer no pulmão, em 27 de setembro de 2008.

sábado, 27 de setembro de 2008

A Vingança do Diabo (Pumpkinhead)

Numa determinada época de minha vida, fui um apreciador de filmes de terror, mas perdi grande parte do entusiasmo e não penso em ver a tudo que me chega às mãos como fiz outrora. Tanto naquela época como hoje, eu me vejo abismado com algumas pessoas que sentem medo de assistir determinadas produções. Ainda gosto do jogo, das armações, das cenas, da tensão, dos sustos, mas tudo fica no entretenimento.

O que estou querendo escrever é que não sinto medo e acredito que posso assistir a qualquer filme de terror e dormir como um anjo depois : - P.

Mas devo admitir que, nas minhas longas jornadas de sessões, assisti a um filme que me fez acordar de madrugada e sentir algo incômodo - seria medo? Não sei dizer se eu fui pego de surpresa ou não me preparei para ver o filme (será que precisa disso?), mas o fato é que eu me enfiei debaixo das cobertas e cobri a cabeça com os travesseiros ao imaginar uma determinada cena em que o demônio aparece com sua face mais esperta (???) e cruel.

Estou me referindo ao filme “A Vingança do Diabo” (Pumpkinhead, USA, 1988), de Stan Winston, com Lance Henriksen (conhecido por seu trabalho na série de TV “Millennium”), Cynthia Bain (a loirinha de gritinhos gostosos do trash “Combustão Espontânea”) e Jeff East (o ótimo ator que fez o jovem Clark Kent na mega produção Superman: The Movie - 1978 ) no elenco.

O filme nos mostra um grupo de motoqueiros (gente boa) que está se aventurando por aquelas cidadezinhas rústicas do interior dos Estados Unidos e que, acidentalmente, atropela e mata o filho de um homem solitário e de poucas palavras (Henriksen). O homem fica desesperado e procura uma bruxa local por ter ouvido falar que ela sabia ressuscitar “algumas coisas”, pensando em trazer seu filho de volta. Mas a bruxa (muito feia por sinal) esclarece que não é possível ressuscitar humanos e sim alguns casulos no cemitério. Com um certo sacrifício, era possível convocar um demônio chamado Pumpkinhead (Cabeça-de-Abóbora).

Revoltado por não poder ter seu filho, o homem aceita a proposta e segue as orientações da bruxa. O problema é que o diabo que surge é assustador, sanguinário e, o pior, raciocina.

Um rapaz caipira (Brian Bremer - que também trabalhou em “Combustão Espontânea“), percebendo as mortes violentas, decide ajudar o casal protagonista a fugir do diabo voraz, mas descobre que a tarefa não é fácil. O demônio cumpria o que seu “dono”, ou seja, aquele que o despertou, pediu durante o ritual.

SPOILER

O pai acaba percebendo que aquela vingança não levaria a nada e que os jovens que mataram seu filho não eram do mal, mas, o que valia para o diabo era o trato feito em seu despertar, então, de nada valia o arrependimento dele, mas, ainda assim, ele resolver ajudar. E leva ferro!!!
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FIM DO SPOILER
A cena que me fez despertar na madrugada foi uma em que o diabo persegue o rapaz caipira e, quando parecia que ele havia conseguido despistá-lo, a coisa se revela mais esperta por ter ficado na espreita, fingindo que tinha ido embora. Que absurdo!!!

O filme é bem produzido, tem trilha sonora acertada e bons jogos de iluminação, além de procurar fugir da banalização sofrida por alguns filmes de terror: tem uma mensagem ao final, a mocinha não é histérica e as interpretações (principalmente do perspicaz Lance Henriksen) apresentam-se de forma convincentes. Eu recomendo!!!


sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Ensaio Sobre a Cegueira


O certo seria não criar muitas expectativas a respeito de filmes baseados em livros famosos, o que nem sempre é possível, visto que, quando ficamos sabendo que um grande exemplar da literatura será transposto para a tela, a imaginação e a curiosidade começam a borbulhar, mesmo de forma involuntária.

No entanto, já passei por várias situações. Frustrei-me com expectativas ao ver determinado filme, tive gratas surpresas que superaram meu aguardo sobre determinados longas e, em menor grau, fiquei indiferente ao resultado de algumas produções.

Confesso que fui assistir ao Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness, Canada, Brazil, Japan, 2008) sem muito entusiasmo, posto que havia tido uma experiência pouco agradável com o livro de José Saramago (não vou pedir desculpas aos “letrados”). Que forma de escrever é aquela? Não quero respostas…

Cheguei à sala de cinema preparado para cumprir somente um “dever de ofício”. Brincadeiras à parte, eu sabia que era uma produção bem cuidada. No decorrer da sessão, percebi que estava gostando do filme. Os recursos cinematográficos para nos passar a “cegueira branca” primou pelo sutileza e eficácia, assim como a apresentação dos personagens centrais.

Não posso deixar de mencionar que grande parte do trunfo está na escalação do elenco, em especial, da primorosa Julianne Moore, uma atriz que nos brinda com seu trabalho forte e consciente.

Pelo exposto, vale dar uma conferida nesse bom exemplar de adaptação de um livro de sucesso levado à tela grande.

Ironias do Cinema

Anne Baxter e Bette Davis num duelo de vaidades em "A Malvada" (All about Eve, USA, 1950)

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Joseph L. Mankiewicz escreveu e dirigiu "A Malvada" (All About Eve, USA, 1950), um grande sucesso do cinema que figura entre os filmes com maior número de indicações ao Oscar.
O filme retrata a projeção de uma jovem atriz (Anne Baxter) que sempre invejou a veterana e respeitada colega de profissão (Davis). Na foto acima, temos a cena em que a personagem de Bette Davis começa a desconfiar de que sua assistente Eve(Baxter) não era tão confiável quanto ela imaginava.

No filme, Baxter se torna uma estrela, no entanto, na vida real, inobstante seu reconhecido talento, a atriz nunca teve muito destaque no mundo cinematográfico, ao contrário de Davis, uma atriz inesquecível que ditou regras até para os grandes estúdios e administrou como nenhuma outra a sua própria carreira.

Ironicamente, na mesma foto, ao fundo, podemos ver uma bela loira em início de carreira: ninguem menos que a espetacular Marilyn Monroe. Sem muito destaque em “A Malvada”, a atriz, posteriormente, viria a se transformar numa das maiores estrelas de todos os tempos, ofuscando todas as outras atrizes de sua geração, inclusive aquelas que protagonizaram o filme em referência.

Sleuth

Infelizmente, a refilmagem do ótimo “Trama Diabólica” (Sleuth, UK, 2007) veio direto para as locadoras aqui no Brasil. Talvez por aqueles conhecidos problemas de distribuição. Mas, ainda assim, o público poderá vibrar com o interessante jogo de gato e rato entre um marido traído (Michael Caine, ótimo) e o amante de sua esposa (o carismático Jude Law).

O novo filme recebeu o título de “Um Jogo de Vida ou Morte” e foi finalizado em dezembro de 2007, na Inglaterra. Dirigido pelo “shakesperiano” Kenneth Branagh e roteirizado por Harold Pinter (ganhador do Prêmo Nobel de Literatura em 2005), o filme é baseado na peça teatral de Anthony Shaffer, que aqui no Brasil ganhou o nome de “O Jogo do Crime”, conforme registro no SBAT (Sociedade Brasileira de Autores). Os títulos em português no cinema e no vídeo foram diferentes: “Trama Diabólica” e “Jogo Mortal”. Quanto título!!!!!! A curiosidade deste remake é que, em 1972, Joseph L. Mankiewicz dirigiu a primeira versão para o cinema com Michael Caine fazendo papel do amante, ficando o papel do marido a cargo do ilustre Sir Lawrence Olivier.

Não quero adiantar muito, mas é importante avisar que o filme é supreendente.

A história é simples e bem amarrada: um marido traído convida o amante de sua esposa para um final de semana aprazível em sua luxuosa e isolada mansão… Mas o que ele queria afinal? Bem, propor um jogo muito perigoso. Mas o amante não era tão ingênuo como o inteligente marido imaginava…

Ruiva confronta Loira

A valente Marlene (Julianne Moore, enérgica como sempre) cai na cilada da angelical e dissimulada Flanders (Rebecca de Mornay) em um dos grandes momentos de “A Mão que Balança o Berço” (The hand that rocks the cradle, USA, 1992).

Charlize Theron recusa título de mulher mais sexy do mundo

A revista Esquire atribuiu o título de “A Mulher mais Sexy do Mundo” à atriz Charlize Theron, a vencedora do Oscar de Melhor Atriz por "Monster - Desejo Assassino" (Monster, USA, 2003).

A bela loira recusou o título e declarou: “Eu a mulher mais sexy do mundo? Acredito que qualquer coisa na vida deva ser entendida com uma dose gigantesca de ironia, sobretudo na minha profissão.”

"Esse título é um grande elogio, mas todos sabemos que a mulher mais sexy do mundo não existe", disse Charlize, em entrevista à revista italiana Grazie.

Em pesquisa realizada junto aos leitores, a revista “FHM” anunciou que a mulher mais sexy do mundo é Megan Fox. A morena de 21 anos participou do longa “Transformers”, onde não deixou dúvida de toda sua sensualidade, fazendo caras, bocas e poses. A belíssima garota, logicamente, gostou do título.

Megan Fox em foto divulgada pela revista que lhe deu o título


quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Esses críticos...

Um comentarista da coluna Ilustrada da Folha de S. Paulo escreveu um texto intitulado "Adultos em pijamas" (já dá pra se ter uma idéia da tentativa de ser engraçado). A matéria trouxe considerações sobre o filme "Batman - O Cavaleiro das Trevas" (The Dark Knight, USA, 2008).

O autor do texto tentou ser irônico e inteligente. Não conseguiu. Apenas apresentou um raciocínio supérfluo sobre um filme que ele não gostou, mas não conseguiu utilizar argumentos sólidos para se explicar. No desespero, apelou para o que entendeu que seria divertido, utilizando palavras como "pijamas", "ereções", "collants" etc, num texto supostamente "erudito" (aspas mais do que necessárias).

Talvez tenha conseguido exorcizar algum tipo de indignação por ter se desafiado na exibição de um filme voltado ao grande público, aquele público que (talvez) não tenha visto “Casablanca”, “Cidadão Kane” ou “O Sétimo Selo”. O evento deve ter sido uma grande concessão à humanidade (na mente dele).

Ele falou mal do filme, mas não legitimou sua tentativa de ridicularizar a produção. Tentou, mas foi tão infeliz nas colocações que criou trechos risíveis (ou sofríveis). As observações foram de uma obviedade sem tamanho, mas foi escrita com um gosto que só pode ter enganado a quem não tem uma mínima crítica sobre o assunto.

Ter especulado a razão da morte prematura de Heath Ledger foi ridículo (e olhe que nem sou fã do ator). Como alguém pode brincar com uma morte de forma tão estúpida? O autor do texto supôs que Ledger “morreu de overdose porque, depois de assistir ao resultado, não agüentou a vergonha.” Acho que ele deve ter achado a opinião engraçadíssima.

A impressão de que o texto foi interrompido bruscamente é a confirmação de que as idéias não tinham consistência, restando interromper o “espetáculo” de qualquer forma. Muitos cineastas encerraram suas obras assim, mas não é o caso do texto em questão, afinal, isto só funciona bem em “obras”.

Eu já tinha lido críticas enfadonhas e metidas a engraçadinhas, mas a que transcrevo abaixo extrapolou:


Adultos em pijamas
NADA TENHO contra vigilantes. Contra? Minha adolescência cinéfila não foi só Bergman, não foi só Bresson, não foi só Renoir. Nos intervalos, escondido de meus amigos intelectuais, eu gostava de assistir a Clint Eastwood limpando as ruas de San Francisco. “Do you feel lucky, punk?” converteu-se para mim em mantra espiritual, tão emblemático como o “Play it again, Sam” que Ingrid Bergman (nunca) disse em “Casablanca”.Para não falar de prazeres menores, ou maiores, como Charles Bronson em “Desejo de Matar”. Que será feito de Bronson? Divago. Recordo apenas uma seqüência de um dos filmes da série: Bronson, caminhando lentamente nas ruas do bairro, com câmera fotográfica sobre o ombro e tomando sorvete em pose turística. Subitamente, o bandido entra em cena, pega a câmera de Bronson e foge como um galgo de competição.Bronson não corre atrás. Com a mesma displicência com que tomava o sorvete, joga-o fora, saca da arma (a inevitável Magnum 44), aponta sem pressa e atira no bandido, como quem atira em um animal. O bandido tomba. Bronson recupera a câmera (mas não o sorvete). Só quem nunca teve uma câmera roubada em plena rua é que não entende o prazer de assistir a essa cena.Nada tenho contra vigilantes, repito. Mas também acrescento que os vigilantes têm de cumprir dois requisitos básicos.Em primeiro lugar, só podem existir na tela, não na vida real. Na vida real, continuo a preferir o Estado de Direito, em que existem leis, polícia e tribunais, e não loucos ou beneméritos que gostam de fazer justiça com as próprias mãos.Mas mesmo os vigilantes das telas têm de cumprir um segundo requisito: não podem usar collants, máscaras, pinturas ou capas supostamente voadoras. Dizem-me que Batman, ou Super-Homem, é uma metáfora profunda sobre a nossa condição solitária e urbana; heróis derradeiros da pós-modernidade. Não comento. Exceto para dizer que morro de rir quando vejo um ator, supostamente adulto e racional, enfiado num pijama colorido e disposto a salvar a humanidade das mãos maléficas de um vilão tão ridículo e tão colorido quanto ele.Sem falar dos fãs: homens feitos, alguns casados, que continuam a acreditar que um super-herói em pleno vôo compensa todas as ereções falhadas.E foi assim que assisti ao último Batman, “O Cavaleiro das Trevas”, dirigido por Christopher Nolan. Não vale a pena apresentar o filme: durante meses e meses e meses, uma máquina publicitária que não pára tentou convencer o mundo de que “O Cavaleiro das Trevas” era o melhor da série e, juro que ouvi, um dos maiores filmes de toda a história do cinema. De acordo com os promotores, Nolan trocara a fantasia sombria de Tim Burton e o espetáculo adocicado de Joel Schumacher por um realismo digno de Michael Mann: desde “Fogo contra Fogo” ninguém filmava assim uma cidade, cruamente e no osso.E os atores? Os atores seriam exemplos de um realismo ainda mais brutal, com destaque para o Coringa, papel que pode valer a Heath Ledger o Oscar póstumo. Alguns, mais ousados, ainda acrescentam que Ledger morreu de overdose precisamente por causa das exigências do papel.Não tenciono polemizar com a sabedoria dos críticos, mas suspeito de que Heath Ledger morreu de overdose porque, depois de assistir ao resultado, não agüentou a vergonha. E quem o pode censurar?Eu não, rapazes. E confesso que entrei na sala com boa vontade: “O Cavaleiro das Trevas” apresenta o herói (Batman) em luta final contra o mestre da anarquia (Coringa), um lunático que não deseja dinheiro nem poder como os vilões tradicionais, mas sim pura destruição. Na cabeça dos criadores, essa oposição simplória entre civilização/caos seria uma metáfora sobre o mundo pós-11 de Setembro: um mundo em que o terrorismo niilista não deseja um objetivo político preciso, mas simplesmente mergulhar o Ocidente num clima de paranóia destrutivo e autodestrutivo.Infelizmente para os criadores, a narrativa não é apenas infantil em sua pretensão política e filosófica; é incongruente quando Batman ou Coringa entram no enquadramento. Razão simples: se a fantasia já é difícil de engolir como fantasia, imaginem apresentá-la em tom “realista” e até “documental”.Confrontado com Batman e Coringa, nenhum adulto equilibrado vê um super-herói e um super- vilão. Vê, simplesmente, dois dementes em pijamas que fugiram do asilo da cidade.

João Pereira Coutinho
São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2008
Folha de S. Paulo - Ilustrada

Agatha Christie


A escritora Agatha Christie é conhecida por milhões de pessoas em todo o mundo como a Rainha do Crime, ou, como ela preferia, a Duquesa da Morte. Nascida em Torquay, Inglaterra, era filha de Frederick Miller e foi registada com o nome de Agatha Mary Clarissa Miller.

Em 1914, casou-se com um piloto inglês, o Coronel Archibald Christie, e, próximo a esse evento, durante a Primeira Guerra Mundial, Agatha foi trabalhar num hospital e essa experiência foi-lhe útil mais tarde.

A escritora começou escrevendo romances, utilizando o pseudônimo de Mary Westmacott. Em deteminada época, aceitou o desafio de sua irmã para escrever uma trama policial, surgindo assim “O Misterioso Caso de Styles” (The Mysterious Affair at Styles), que tinha como argumento a morte de uma aristocrata inglesa trancada em seu próprio quarto. Após ter sido recusado por diversas editoras, o primeiro livro de mistério foi finalmente publicado em 1920. A história se revelou também como uma fiel descrição da recuperação da Grã-Bretanha no período de 1914 a 1918, deixando claro o agudo poder de observação de Agatha para registrar fatos históricos no seu trabalho de redação. É neste livro que os leitores conheceram o excêntrico detetive belga Hercule Poirot.

Inobstante os adjetivos positivos dados à escritora, Christie não gostava que seus livros fossem chamados de “romance policial” e declarava não gostar de descrições exaustivas.

Apesar do sucesso de seu primeiro livro de mistério, o trabalho de Agatha chamou a atenção do grande público e da crítica somente quando ela publicou “O Assassinato de Roger Ackroyd” (The Murder of Roger Ackroyd), um excelente exercício de criatividade e inteligência. Com esta obra, Christie ganhou notoriedade e projeção no mundo literário, consagrando-a definitivamente como uma das melhores escritoras de histórias de mistério.

Com tanto talento para criar tramas complexas e bem estruturadas, em 1926, a própria Agatha foi notícia quando desapareceu durante alguns dias, depois de o marido ter pedido o divórcio. Esse episódio ganhou um filme para o cinema, tendo Vanessa Redgrave interpretando a escritora. Inferiu-se, pouco tempo depois, que ela esteve instalada num hotel sob nome falso, mas nada foi confirmado. O seu desaparecimento naquele período ainda hoje é um mistério. A tentativa de chamar a atenção do marido, nos termos do filme, não foi o bastante para manter seu casamento. Em 1928, a separação foi oficializada.

Numa viagem ao Oriente Médio, em 1930, conheceu o arqueólogo inglês Sir Max Mallowan, seu segundo marido. Agatha passou a acompanhá-lo em suas expedições arqueológicas anuais ao Iraque e a Síria, o que lhe rendeu idéias para outros romances. Ao longo da sua carreira, escreveu cerca de setenta romances e mais de uma centena de contos.

Os seus personagens mais famosos são Hercule Poirot, o detetive belga, e Miss Jane Marple, uma solteira de mais de 60 anos, esperta e audaciosa. Também escreveu alguns livros que tinham como personagens centrais o casal Tommy e Tuppence Beresford. Algumas das suas obras, como a famosa O Caso dos Dez Negrinhos (Ten Little Niggers) não havia nenhum personagem particularmente destacado.
Várias de suas histórias foram transformadas em filmes para televisão e cinema, com destaque para Assassinato no Expresso Oriente (Murder on the Orient Express - 1934;1974) e Morte no Nilo (Death on the Nile - 1937; 1978 ) . Mas a única obra que Christie gostou da adaptação para o cinema foi Testemunha de Acusação (Witness for the Prosecution), dirigido em 1957 por Billy Wilder, tendo Marlene Dietrich, Elsa Lanchester e Tyrone Power no elenco.

Nos seus livros, ela leva o leitor, através dos diálogos e de sugestões, aparentemente sem peso na trama, a seguir o caminho errado, fazendo-os pensar numa determinada pista, enquanto o(s) assassino(s) se mantêm fora da nossa lista de suspeitos. Uma vez embrenhado no livro, a interessante teia de enredos e prefigurações envolvem o leitor, e mantêm a atmosfera de suspense. Por todas as qualidades da sua escrita, Christie tornou-se um sucesso internacional. Seus livros foram traduzidos em mais línguas do que as obras de Shakespeare e já venderam mais de cem milhões de exemplares em todo o mundo.

Agatha recebeu o título de Dame Commander of the Order of the British Empire em 1971. A escritora faleceu em 1976. Seu último livro Um Crime Adormecido (Sleeping Murder - 1976) e sua Autobiografia (Autobiography - 1977) foram publicados após sua morte, assim como a ótima coletânea Enquanto Houver Luz (While the Light Lasts), contos escritos antes do sucesso de seu primeiro livro.

A maioria das pessoas associa o nome de Agatha Christie a seus romances e histórias policiais, desconhecendo que ela escreveu excelentes peças teatrais. Além das mais famosas, A Ratoeira (The Mousetrap ) e Testemunha de Acusação, ela escreveu em torno de dezoito textos teatrais. Neles, o leitor se verá diante de situações e tramas em que o mistério e o suspense o farão sentir-se como um espectador numa platéia. A Ratoeira, na história do teatro, é a única peça que continua sendo apresentada ininterruptamente desde a sua estréia em 1952, com o record de 8862 representações num só teatro. O público da cidade de Londres, na Inglaterra, já conhece o final da história, mas a originalidade e o vigor do argumento, dos diálogos e dos personagens da peça garantem o interesse permanente em se assistir as apresentações. É inigualável a genialidade da Primeira Dama do Crime.