"Um Bonde Chamado Desejo" (A Streetcar named Desire, USA, 1951), dirigido por Elia Kazan, é baseado na peça teatral homônima de Tennessee Williams, que foi um grande sucesso da Broadway.
Na adaptação para o cinema, os produtores inicialmente quiseram que a mesma atriz do sucesso teatral (Jessica Tandy) repetisse o papel no cinema, porém as questões comerciais, quase sempre presentes na tela grande, falaram mais alto. Havia necessidade de se contratar uma atriz que garantisse público e, por conseguinte, retorno de bilheteria. Desta forma, convidaram a estrela Vivien Leigh para assumir a complexa personagem Blanche DuBois.
Bom para o público e ótimo para atriz, pois a inesquecível intérprete da Scarlett O'Hara de "E o vento levou..." (Gone With The Wind, 1939) teve, mais uma vez, a chance de brilhar no cinema
O longa ganhou quatro Oscars: Melhor Atriz (Vivien Leigh), Melhor Atriz Coadjuvante (Kim Hunter), Melhor Ator Coadjuvante (Karl Malden) e Melhor Direção de Arte, e ainda recebeu outras oito indicações: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Marlon Brando), Melhor Fotografia em Preto e Branco, Melhor Figurino em Preto e Branco, Melhor Trilha Sonora, Melhor Som e Melhor Roteiro.
Blanche DuBois, a personagem central da trama, é uma mulher fina e bem criada, mas que passa por uma situação de decadência econômica e moral. O drama inicia-se quando Blanche vai visitar sua irmã Stella (Kim Hunter) que, ao contrário do restante da família, preferiu encarar os fatos e não viver de ilusão e lembranças do passado.
Ciente ou não da sua real situação financeira, Blanche continua a se comportar como uma mulher rica e não aceita o casamento de sua irmã com o grosseirão e viril Stanley Kowalski, interpretado pelo super astro Marlon Brando.
Apesar da repulsa que um sente pelo outro (ela o acha pobre e vulgar, ele a considera fútil, velha e desequilibrada), a tensão sexual entre os dois é crescente.
Entre os desentendimentos e os poucos momentos aprazíveis (Stanley tinha uma turma de amigos muito divertida), Blanche fala de seu primeiro namorado, o grande amor de sua vida, de forma um pouco desconexa. No entanto, num momento de tensão, ela acaba por revelar à sua irmã que tudo terminou de forma trágica*.
Poético, duro e reflexivo como quase todos os outros textos de Tennessee Williams.
Notas:
Quando assisti ao filme, fiquei sem entender parte dos motivos que levaram a personagem de Leigh a um estado de devaneio e histeria. Posteriormente, assistindo a uma peça teatral, que teve Leona Cavalli e Milhem Cortaz (excelente ator, mas um pouco inadequado para o personagem) nos papéis principais, entendi muita coisa, pois eles não pouparam as revelações que foram omitidas no filme.
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Quando assisti ao filme, fiquei sem entender parte dos motivos que levaram a personagem de Leigh a um estado de devaneio e histeria. Posteriormente, assistindo a uma peça teatral, que teve Leona Cavalli e Milhem Cortaz (excelente ator, mas um pouco inadequado para o personagem) nos papéis principais, entendi muita coisa, pois eles não pouparam as revelações que foram omitidas no filme.
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Existe uma versão feita para TV, tendo a talentosa Jessica Lange (sempre eficaz em papéis de mulheres histéricas), no papel de Blanche, e o canastrão Alec Baldwin, interpretando Stanley. Não entendam o uso desse termo para Alec como uma ofensa, pois eu gosto muito de atores canastrões. Particularmente, achei que a versão ficou ótima, devendo também ser conferida.
2 comentários:
Gilvan, vc me deixou com uma dúvida agora. Jéssica Tandy era famosa no cinema quando jovem?A conheci apenas como a velhinha de Tomates Verdes e Fritos, Cocoon e Miss Daisy. Não sei nada a respeito do passado profissional dela. Você despertou minha curiosade em ver este filme.Maravilhosa a sua abordagem. Abs!
Ei, Flávio, meu amigo! Obrigado pelas palavras. Não deixe de ver este filme (até gostaria de ler uma crítica sobre ele no seu blog).
Jessica Tandy é uma veterana e iniciou a carreira em 1932, mas o sucesso mesmo, pelo menos no cinema, só veio depois que ela já estava velha. Excelente no teatro, mas sem projeção no cinema. Acho que acontece demais, não é, amigo? Grande abraço!
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