Conheço algumas pessoas que têm restrições quanto a assistir aqueles filmes feitos para TV. O que é um grande equívoco, visto que algumas produções apresentam boas histórias, atores prestigiados e roteiros muito bem cuidados. Já relatei aqui a grata supresa que foi assistir ao filme
Caroline? (idem, 1990 ), e, não por acaso, o filme teve várias indicações a prêmios importantes, inclusive o Golden Globe e o Emmy.
Há algum tempo, sem nenhuma expectativa, comecei a assistir a um filme exibido na TV aberta que, inobstante o bonito título, soava como mais um água com açúcar feito para cobrir agenda de atores televisivos.
O filme tinha algumas premissas, além do título agradável, que me fizeram parar o zapeamento e me concentrar no desenvolvimento da história.
A protagonista era a respeitada Patty Duke, mais famosa nos Estados Unidos por causa de sua bem-sucedida série de TV The Patty Duke Show (1963-1966) e também por ter recebido o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pelo seu ótimo desempenho no drama O Milagre de Anne Sullivan (The Miracle Worker, 1962). Encabeçando o elenco central, tinha também o promissor Stephen Dorff.
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Joan Van Ark e Patty Duke |
Dorff iniciou sua carreira ainda bem criança e conseguiu se manter com trabalhos ininterruptos até a idade adulta. É certo que o rapaz tem uma carreira irregular, mas, frequentemente, ele aparece em bons filmes ao lado de atores respeitáveis (Susan Sarandon, Sharon Stone, Johnny Depp e Benicio Del Toro, entre outros, que o digam).
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Stephen Dorff |
O filme título desta postagem é o sensível Lembre-se de que eu te amo (Always Remeber I Love You, 1990), que tem uma trama bastante apropriada para comover os corações.
Um adolescente de classe média norte-americana, vasculhando informações, descobre que havia sido vítima de sequestro quando criança, levando-o a constatar que não era filho biológico de seus pais.
Sem entrar no mérito da responsabilidade de sua familia e não querendo um confronto, afinal, o amor e a dedicação que ele recebia da mãe (Joan Van Ark) e do pai (David Birney) eram inquestionáveis, o rapaz foge de casa e parte em busca de sua verdadeira mãe (Patty Duke).
Ele tinha vagas lembranças de parques e de um outro lar que o atormentavam e que, até então, pareciam apenas sonhos confusos. Diante do novo fato, ele descobre que tinha registrado no inconsciente os bons momentos que viveu com sua família biológica, mesmo tendo sido sequestrado com apenas 2 anos de idade.
Através de pesquisas em centros de arquivos jornalísticos, ele consegue chegar até à sua família consanguínea, preferindo não se revelar. Ele se apresenta como alguém que se encontrava em viagem de férias e que pretendia um trabalho de jardineiro para se manter naquele período.
Os receios e a distância inicial são rompidos por uma delicada e sincera aproximação com a mãe, o que desperta ciúmes no outro filho do casal, também adolescente. O pai, sem muito entender, também começa demonstrar afeição pelo rapaz, mas sempre com certa desconfiança.
Para que os sentimentos ficassem ainda mais comoventes, o filme se passa às vésperas do Natal, trazendo para o jovem a seguinte dúvida: revelar a verdade à sua mãe e ficar naquele lar ou voltar para a família que o criou?
Enquanto isso, a mãe de criação vive momentos de apreensão e angústia, temendo que o filho tivesse descoberto a verdade, podendo não aceitá-la mais como sua protetora. Para aliviar a barra dessa mãe, o filme revela, sem entrar em muito detalhes, que ela não tinha culpa direta no sequestro, uma vez que ela e o marido, que não podiam ter filhos, "compraram" a criança sem saber a sua origem.
O que eu posso contar, sem muito revelar, é que o filme conseguiu chegar a um final razoável, tocante e cheio de emoção, estando entre aqueles que eu me surpreendi e me emocionei (e isto e difícil acontecer comigo), cabendo a Patty Duke um grande exercício de interpretação para poder chegar a um tom dramático equilibrado.
Acho que histórias de mães e filhos são para isso mesmo, visto que é o laço mais forte que une os seres-humanos.
Fica a dica para quem quiser pegar numa locadora ou esperar por uma reprise. Aviso para os mais sensíveis: haja coração na última cena!