sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Proxy

Após uma tranquila cena, em que a personagem principal do filme faz seu último pré-natal, somos surpreendidos com uma sequência elaborada exatamente para chocar. A mesma jovem, grávida de 9 meses, é atacada, arrastada para um beco e termina por levar fortes tijoladas na barriga. Logicamente, o indivíduo encapuzado queria matar a garota e o seu bebê. Ou queria somente matar a criança e manter a moça viva, com a cruel intenção de destruir sua felicidade?

Não se assustem! As cenas relatadas acima fazem parte do trailer e da sinopse original do longa, não se configurando um spoiler. O filme em questão tem reviravoltas e revelações de impacto. Muitas de arrepiar!


A tragédia pode levar o ser humano a um processo de declínio ou pode criar uma oportunidade para construção de uma vida melhor. Agora, quando alguém passa por uma situação funesta e vai pelos dois caminhos, é sinal de que há algo errado na história.

Existem muitos centros de apoio que auxiliam pessoas desoladas e socialmente sem rumo, não se importando com  a mensuração do dano ou em fazer uma escala de valores de transtornos, Assim, podemos encontrar, nesses lugares, pessoas com problemas legítimos e pessoas com questões pouco significativas a serem tratadas, mas que também merecem algum tipo de acalento. Afinal, quem pode definir qual sofrimento é maior e pode estar colocando a vítima no limite do desespero? E quem não tem problema algum pode procurar esses lugares?  Pode, não é?

É num ambiente como esse que as duas figuras principais de Proxy (idem, 2013) se conhecem. Embora uma pareça mais conformada e resolvida do que a outra, nenhuma delas tinha ideia do quanto seria danoso remexer em um terreno desconhecido. E é exatamente o avanço de uma barreira que traz à tona as verdadeiras faces de duas mulheres.

Na realidade, nenhuma delas estava lá por motivos legítimos, ou seja, buscando realmente atenuar algum trauma sofrido, uma vez que uma não só foi por insistência do hospital que a socorreu e a outra não queria de fato resolver seu problema.






Uma delas é Esther (a genial Alexa Rasmussen), uma jovem grávida que, após seu último pré-natal, é brutalmente atacada num beco e perde sua criança. As cenas são fortes! A outra é Melanie, interpretada por Alexa Havins, uma jovem viúva que procura o centro para aceitar a perda de seu filho e de seu marido num acidente de carro.

Grande destaque no Festival Internacional de Cinema de Toronto - Edição de 2013, Proxy sai da linha de drama comum e surpreende com uma narrativa contundente, capaz de prender a atenção até o choque final do última cena do filme. 

Por causa de algumas imagens divulgadas na internet, principalmente aquelas em que a jovem grávida é atacada, o filme tem sido buscado erroneamente por apreciadores de filmes de terror, fazendo com que muita gente quebre a cara e condene a produção, uma vez que não se trata de um exemplar do gênero. 

trailer oficial é muito bem sacado e não se caracteriza, de forma alguma, como aqueles filmes que capricham na seleção de cenas somente para enganar o público com um teaser bem montado. O filme é melhor que o trailer, ok? Não venham me responder: claro que é. Eu já assisti a muitos teasers superiores à produção na íntegra.


As atrizes centrais não brincam em serviço e nos apresentam composições convincentes das personagens tridimensionais que elas interpretam, conseguindo solidificar as mudanças de suas personalidades com afinco  à medida que a produção avança. O outro destaque feminino fica por conta da interpretação furiosa de Kristina Klebe, que não tem sua performance comprometida por entrar em cena somente após várias cenas do primeiro ato do longa. A condução vigorosa que a atriz dá à sua personagem, uma lésbica bem masculina, voraz e violenta, nos faz acreditar que ela realmente irá comprometer o rumo do filme.

Com um final surpresa digno de uma ideia original bem construída, o longa nos faz questionar sobre as aparências e os segredos guardados por pessoas parecidas com muitas que estão próximas da gente. A cena final é arrebatadora e pode deixar muito espectador sem ação por alguns segundos.








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