domingo, 1 de maio de 2011

O Último Exorcismo

A onda de produções de baixo orçamento já nos apresentou boas surpresas, principalmente aquelas que se aventuraram no gênero terror e se concentraram na forma de  pseudo-documentário.

O Último Exorcismo (The Last Exorcism, 2010) poderia ter ido pelo mesmo caminho de sucesso de filmes como A Bruxa de Blair (Blair Witch Project, 1999) e Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2007), se não tivesse abusado do mal enquadramento da câmera subjetiva, do roteiro amador e da falta de correlação da proposta com o resultado final.


Não que os outros filmes tenham sido primorosos na elaboração de seus roteiros, mas pelo menos souberam explorar bem a curiosidade do público e a forma de divulgação de seus produtos, dirigindo as ações  de promoção e apresentação com  vivacidade. Quem se sentiu enganado, em grande parte, riu de si mesmo, pois, nesses dois pequenos clássicos, foram cumpridas as sugestões de impacto e  de trauma pós-sessão de cinema.  E isto O Último Exorcismo não conseguiu.

Não deixa de ser uma pena, pois o argumento tinha originalidade e boas promessas. 

A história se concentra nas desventuras de um pastor evangélico que, instruído desde criança pelo próprio pai, conduzia os  fiéis de sua igreja com destreza e bom humor, investindo no trabalho de tirar o mal que obsediava  alguns fanáticos religiosos.

Depois de ganhar dinheiro e fama, o pastor Cotton Marcus (interpretado com graça e vigor pelo carismático Patrick Fabian) resolve encerrar sua participação no show business de curas milagrosas que ele promovia na sua igreja e nas suas viagens pelos Estados Unidos, em virtude de um sonho que teve. Nele, sua bonita família se via em situação de terror e loucura, o que ele entendeu como um sinal para por fim ao seu negócio. 

O pastor, inicialmente, expõe sem pudor seu lado picareta e aproveitador ao revelar que não acreditava na possessão demoníaca, mas que fazia as sessões de exorcismo, armando um grande circo, por entender que aquela era a forma de libertar seus fanáticos fiéis daquilo que eles acreditavam ser obra do demônio. Depois, passamos a entendê-lo quando ele nos esclarece que fazia aquilo para que o possuído se libertasse do sofrimento e seguisse sua vida com tranquilidade e confiança. Em todos os casos, ele entendia tratar-se de  histeria, psicose, neurose e coisas do gênero, e que o tratamento se dava por indução religiosa. Então tá, né!

Para provar sua teoria, ele resolve atender a um último pedido, registrando o seu  passo a passo para uma produtora independente de vídeo-documentário. Aleatoriamente, entre suas várias correspondências, ele escolhe a carta (existe até um comentário maldoso sobre quem escreve cartas em plena era do e-mail) de um  fazendeiro da Louisiana, nos Estados Unidos, que acreditava no estado de possessão demoníaca de sua filha adolescente, visto que a garota vinha matando os animais da fazenda com fúria e requintes de maldade.
Assim, ele parte para o local com uma equipe de TV que iria registrar todo seu processo de análise, estudo,  preparo e aplicação de sua técnica para curar a jovem histérica, pretendendo, desta forma, finalizar sua missão e provar que não existe demônio nesses casos.

É aí que entra a parte original e promissora do filme. Ele iria se surpreender com um verdadeiro caso de possessão demoníaca! Sendo assim, suas técnicas e parte de sua zombaria o colocariam numa situação assustadora... E tome bordoada!

Também causando um bom impacto, temos a doce atriz Ashley Bell, que, inicialmente, apresenta-se com uma serenidade e um olhar tão puro que chega a nos comover. De certo modo, inferimos que o fanatismo religioso do pai estaria  fazendo com que a jovem acreditasse estar possuída pelo demônio. Seriam as questões do desabrochar da adolescente? Com o desenvolvimento da trama, a carinha de anjo termina por mostrar que seus acessos de fúria não estavam relacionados tão somente com influências religiosas e paternais.

Considerando que a montagem do filme foi feita em forma de documentário,  sem edições ou roteiro delineado, as lacunas existentes poderiam  até ser aceitas, desde que houvesse uma contenção no uso desses elementos. O abuso acabou revelando o subterfúgio para se omitir a falta de investimento em efeitos visuais  e a ausência de cenários elaborados. Nem vou ficar escrevendo sobre a falta de cuidado com o roteiro, pois o público já está acostumado a relevar grandes falhas até em produções caras de Hollywood...

As promessas de grandes sustos e de perturbadoras cenas de exorcismo não foram cumpridas, restando aos dois bons integrantes do elenco (Fabian e Ashley) o trabalho de segurar o público com seus diálogos e suas expressões de dúvida e medo, o que, até um certo ponto, funciona.

2 comentários:

flavio disse...

Oi Gilvan, parece ser bastante interessante.

Anônimo disse...

Eu gostei do filme...mas com o final larguei a rir sem parar...:(