sexta-feira, 11 de julho de 2014

Stage Fright (2014)


Depois das três primeiras cenas, temos a impressão de que Stage Fright (2014) será um bom filme de terror, que será encaixado naquelas listas de filmes medianos. "Olha, não é um desastre, mas está longe de ser uma obra-prima". É como podemos dizer. Nesse estágio, classificamos o prólogo positivamente, considerando dois pontos: o talento e o carisma da suposta protagonista (ninguém menos que a ótima Minnie Driver) e o acerto no visual sombrio e requintado da introdução.

O filme tem impacto logo em seu início, quando somos induzidos a acreditar que estamos vendo um filme de terror de época, sendo revelado, em poucos minutos, que se trata da encenação teatral da personagem de Driver. Depois disso, o assassinato da atriz é graficamente forte, abusando de detalhes e de golpes sanguinolentos.

Porém, depois de constatarmos que a participação de Minnie Driver é curta, provavelmente para se ter um nome bem conceituado nos créditos, passamos a temer pelo que virá na sequência. E o que vem realmente traz um certo terror. E não estou me referindo ao gênero cinematográfico.

Somente após essas poucas cenas é que se iniciam os créditos do longa, que aparecem durante a execução de uma cena pitoresca: adolescentes excêntricos chegando a um lugar que mais parece uma colônia de férias, cantando, dançando, pulando, fazendo micagens e contando histórias difíceis de engolir para uma produção de terror. Se formos comparar com o lúgubre início do filme, os jovens felizes e o atraente dia ensolarado proporcionam uma quebra debochada na obra, o que pode até causar certa repulsa no espectador. Por outro lado, a ousada ruptura desperta uma curiosidade. Em que lugar se pretende chegar?


Embora tropece em uma montagem problemática, como também em seu roteiro desencontrado, a produção consegue um resultado positivo com a atrevida mesclagem do gênero musical (mesmo que apresentado sem muito esmero) e o subgênero de terror slasher.

Por não se firmar no drama (a garota tem trauma com a morte da mãe, mas parece se esquecer disso em vários momentos), tampouco na linguagem musical (as cenas de cantoria são zombeteiras ou apresentam cortes abruptos), o filme ganha seu diferencial exatamente por fazer o público compreender, por meio dessa ida a lugar nenhum, que aquela produção não foi feita para ser levada a sério.

É claro que uma proposta coesa e uma definição de estilo são fatores que pesam no acerto do público alvo e no alcance do objetivo do projeto, mas, no caso de Stage Fright, essa miscelânea parece ser o necessário alerta para o espectador. Apesar de não ter um resultado primoroso, o filme foi por um caminho diferente daqueles vistos nos habituais filmes de jovens perseguidos por um mascarado assassino, o que, nesse turbilhão de produções capengas, soa como uma aceitável criatividade. O jogo lúdico e perverso da trama termina por ir de encontro ao perfil mordaz do assassino mascarado, que ataca suas vítimas de forma cruel e coreografada.

Comentadas as ciladas iniciais, vamos à sinopse:

A famosa atriz-cantora Kylie Swanson (Minnie Driver) estava no auge de seu sucesso quando foi brutalmente assassinada em seu camarim, após uma bem-sucedida apresentação teatral. No momento da violenta morte, Camilla Swanson, a filha da artista, brincava no palco vazio, tentando imitar a mãe que tanto admirava.

Anos mais tarde, mesmo ainda não tendo se recuperado do trauma, a garota (interpretada pela atriz Allie MacDonald) sonha em ser uma estrela na Broadway, mas amarga um desprestigiado trabalho como cozinheira numa escola para artistas. Nesse ambiente, Camilla tem a oportunidade de fazer um teste, fingindo-se passar por outra pessoa, para ter a tão almejada chance de mostrar seu potencial e se consolidar no trabalho como atriz. Uma vez aprovada, a garota percebe que seus anseios estão muito certo de serem concretizados, mas eis que se inicia uma série de assassinatos nos arredores, todos cometidos por um mascarado misterioso, o que leva a jovem a acreditar que ela estará entre as vítimas, como também que a tensa situação está relacionada com o final trágico de sua mãe.

À exceção de Driver, que faz uma participação especial, e do ator e cantor Meat Loaf, não há grandes nomes envolvidos na produção.

Sugiro arriscar, pois, apesar de trêfego, eu gostei.



Nenhum comentário: