terça-feira, 3 de setembro de 2013

American Horror Story




A série de TV teve início com uma história da terror convencional e não apresentou um argumento expressivo para o estilo. Muito talvez, os idealizadores quiseram, num primeiro momento, cativar o público adeptos ao universo de horror com o padrão dos padrões dos roteiros de filmes de terror: a família inocente que compra uma casa mal-assombrada.

Apesar disso, American Horror Story (idem, 2011 - ) foi uma ótima surpresa para o público que aprecia o gênero, pois há tempos não se via uma série televisiva que realmente se assumisse como gênero de horror e que não mediu esforços (ou orçamento) para apresentar um produto acima da média. O seriado teve ótima recepção em virtude da qualidade técnica, do roteiro bem escrito e dos ótimos atores escolhidos.

A cada temporada, American Horror Story vem apresentando uma história diferente, usando praticamente os mesmos atores, que assumem personagens distintos da fase anterior.

A primeira história mostrou um casal em crise (Dylan McDermott e Connie Britton) que investiu muito dinheiro na compra de uma antiga mansão de estilo clássico, buscando superar traumas e propiciar um novo começo para relação familiar. Junto com eles nesse novo momento, está a  filha adolescente (Taissa Farmiga), uma garota problemática (para variar) e contestadora. O talentoso McDermott (do premiado The Practice, 1997-2004) emprestou seu charme para o papel de um pai de família sério, mas que não resistiu aos encantos de uma jovem bonita e lasciva (a graciosa Kate Mara, de House Of Cards, 2013), engravidando a moça que fica no seu encalço, ao passo que a interessante Connie Britton (de Spin City, 1996-2000) defendeu o quanto pode o resignado papel da mãe de família instável, entupida de remédios, ligeiramente histérica e sem bom relacionamento com a filha. Se formos considerar que assumir uma personagem tão usual não é tarefa tranquila, podemos dizer que Britton se saiu muito bem no ofício.



Sem citar nomes, vamos novamente à sinopse: "Após viver uma certa crise, uma família compra um imóvel antigo para dar um novo início à vida e descobre, gradativamente, que o lugar é assombrado e antigo palco de graves assassinatos". Quer um clichê maior do que esse? Provavelmente, nesse início, os idealizadores do seriado estavam sondando o terreno, buscando não fugir do genérico, ou seja, daquele argumento clássico das histórias de fantasmas. 

Em American Horror Story, a casa assombrada teve histórias grotescas que se iniciaram logo com os primeiros moradores, por volta dos anos 20 do século passado, quando o cientista Charles Montgomery (Matt Ross) e sua sensível esposa (Lily Rabe, filha da estrela Jill Clayburgh), tentando dar vida a uma criança, criaram um verdeiro monstro. Assassinatos e suicídios foram os resultados do desequilíbrio do casal. E por aí caminhou a história da mansão. Como manda a lei norte-americana, os vendedores devem informar se ocorreu algum crime no imóvel, obrigatoriamente, nos últimos três anos, e, moralmente, em toda a sua história. Mas é claro que Marcy (Christine Estabrook), a esperta corretora de imóveis, não iria além da determinação legal para não perder a chance de venda para o casal sedento por uma mudança no padrão de vida. Cumprindo a norma à risca,  Marcy informa somente a morte dos inquilinos anteriores, um casal gay (Zachary Quinto e Teddy Sears) que vivia brigando e que, numa crise de ciúme, cometeu assassinato e suicídio.

Com o passar do tempo, percebemos que o casal gay, embora tivessem mesmo seus desentendimentos, foram vítimas dos fantasmas cruéis que assolavam aquela casa. Após um ou dois capítulos, entendemos que todos aqueles que morrem naquela casa também se tornam fantasmas.



O curioso da história é que os mortos brigam, dormem, brincam, namoram e enganam polícia. Interagindo com os humanos, eles se apaixonam, se relacionam, se tocam, podendo até engravidar uma mulher viva... E é exatamente essa a ótima (para não dizer outra coisa) parte do seriado. O mocinho da história, que, na realidade, está morto, ataca a mãe de sua namorada (viva) e a engravida (!). Imaginem o que iria surgir de um fato como este...

Com personagens medianos interpretados por atores eficientes, a série conseguiu fazer ganchos nas partes finais, despertando no espectador uma vontade ansiosa para conferir o episódio seguinte. Dentre as boas surpresas nas participações especiais, tivemos Mena Suvari (no seguimento Dahlia Negra) e Zachary Quinto (como o gay mais afetado), que foi um dos protagonistas da segunda temporada.

Não é possível deixar de mencionar que Jessica Lange (Constance) foi o ponto alto da temporada, dando vida a uma mulher elegante, misteriosa e mortalmente perigosa. Não por acaso, a atriz foi premiada com o Golden Globe pelo papel. O sucesso de Lange foi tão grande que os idealizadores da série criaram um papel especificamente para ela, não pensando numa segunda escolha. Daí surgiu a Irmã Jude de American Horror Story: Asylum (2012), uma das freiras mais cruéis, divertidas e insanas dos últimos anos. Assim, mais uma vez, foi Jessica Lange que apresentou a personagem mais interessante da fase, brindando-nos com uma personagem que transitou com propriedades entre a maldade, o autoritarismo e a luxúria. Magnífica! Um verdadeiro show de interpretação da oscarizada atriz.


Essa segunda temporada, intitulada American Horror Story: Asylum (2012), foi muito mais interessante que a primeira, trazendo uma história mirabolante dentro de um hospício dirigido por religiosos na década de 60.  Evan Peters, Dylan McDermott (em participação não creditada), Zachary Quinto, Sarah Paulson e Lily Rabe (divertida como a freirinha vagabunda), que estiveram na primeira temporada, retornaram em papéis sob medida para o talento de cada um.

É bem verdade que a segunda temporada pareceu ter dado tiro para tudo quanto é lado. Foram abordados assuntos que tratavam de possessão demoníaca, serial killer, ameaça extraterrestre, nazismo, loucura, lesbianismo e religião. Impossível não agradar a algum seguimento... Com tantos caminhos, com tantas possibilidades, com tantas subtramas, a série poderia ter ido na contramão e saído do rumo, mas a direção enérgica e as várias cenas de impacto asseguraram que American Horror Story: Asylum fosse uma das melhores minisséries do ano, tanto que as indicações para o Emmy confirmaram o sucesso de público e crítica.


As participações especiais de Franka Potente, Chloë Sevigny e Clea DuVall enriqueceram a história e também contribuíram para o sucesso estrondoso da fase Asylum.



A próxima temporada será intitulada American Horror Story: Coven e trará um grupo de bruxas que precisa se preparar para ataques que vêm sofrendo, desde que escaparam, há 300 anos, dos turbulentos momentos que julgaram e condenaram à fogueira centenas de mulheres tidas como feiticeiras.

Taíssa Farmiga (que é irmã da excelente Vera Farmiga) retorna como uma jovem que guarda muitos segredos e que busca abrigo numa escola especial para aprender a se proteger. Ainda no elenco: Lily Rabe, Sarah Paulson, Frances Conroy e Evan Peters. A estrela Jessica Lange também está de volta num papel que promete ser mais uma lição de interpretação da atriz. Para um duelo de força e talento, a temporada trará mais uma atriz de peso: Kathy Bates, no papel de um mulher rica, manipuladora e assassina. Promete...









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