O cinema norte-americano tem uma necessidade constante de adaptar sucessos de outros países, seja por uma boa história, como foi o caso de Perfume de Mulher (Scient of a Woman, 1992), seja pelo impacto de uma nova linguagem, como foi o caso de O Chamado (The Ring, 2002), seja pela vontade de reproduzir filmes ousados e de gosto duvidoso, como foi o caso do repugnante Violência Gratuita (Funny Games, 2007).
Nessa onda, temos mais uma tentativa de pegar um filme estrangeiro de baixo orçamento e transformar num sucesso. E eu não entendo como é que imaginaram que transformar o precário A Casa (La Casa Muda, 2010) em A Casa Silenciosa (Silent House, 2011) poderia render alguma coisa boa.
O filme uruguaio A Casa foi sucesso em vários festivais de cinema internacionais e chamou a atenção em Cannes, durante as exibições da Quinzena do Diretor, pelo fato de ser uma produção dirigida a um público local, mas que acabou ganhando projeção graças a fervorosos comentários feitos na internet. Ora, o que despertou a admiração do público e da crítica foi a questão de o filme ter sido rodado em apenas quatro dias e com uma câmera fotográfica (!). Ok! Foi com uma Cannon 5D que filma em Full HD. Mas não é uma filmadora, ora!
E para acrescentar notoriedade à produção de baixo custo, o diretor Gustavo Hernández teve a proeza de filmar A Casa num único plano, sem cortes e em tempo real, ou seja, passando a impressão de um take único, tal como foi feito no magnífico Festim Diabólico (Rope, 1948), do mestre Alfred Hitchcock. Completando os méritos, o filme contou uma história assustadora, baseada em fatos reais que ocorreram na década de 1940.
Um pai, sua filha e um amigo chegam num antigo sobrado isolado no interior do Uruguai para iniciarem, no dia seguinte, um serviço de reforma da casa, que seria colocada à venda. Assim que anoitece, vozes, alucinações e muito barulho passam a incomodar as três pessoas, colocando a garota numa situação de isolamento e medo.
Não é legal? Sim, mas paremos de encher a bola do filme por aqui. A história nem é tão boa assim e o roteiro ficou capenga da metade para o final. Acontece que o sucesso se deve à genialidade de criação, afinal, produzir um filme com uma câmera fotográfica emprestada e com apenas alguns mil dólares é algo de se admirar.
Então uma produtora de Nova York e um diretor da Califórnia veem essa pequena pérola e resolvem fazer uma adaptação americana.
Com planejamento e recursos, o que tinha de notório foi por água abaixo. E ainda convidaram a bonitinha Elizabeth Olsen (irmã das famosas gêmes Mary-Kate e Ashley Olsen) para protagonizar o filme.
Resultado: um filme sem graça e com uma história confusa. A parte boa é que ficou sem legendas e em língua inglesa, facilitando a vida dos norte-americanos.
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