Menor que os filmes anteriores, mas épico e eficiente como os demais, Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, 2012), a terceira parte da trilogia iniciada com Batman Begins (idem, 2005) e intermediada por Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008) encerrou os trabalhos do diretor Christopher Nolan, nesta franquia, com o habitual cuidado visual e o roteiro repleto de situações tensas.
Apesar de todos os anúncios e aspectos de fechamento de um trabalho,
nada impede que Nolan nos surpreenda daqui a alguns anos com mais um
longa para série, afinal, foi deixada uma margem para uma possível
continuação.
Ousado na proposta de transformar a figura do Batman num alter ego sombrio e bastante adulto de um milionário, Christopher Nolan não se preocupou em diminuir a extensão de seu público, ao contrário de muitas produções de filmes com super-heróis, criando momentos tensos e apresentando mortes de impacto ao longo dos três filmes.
As mãos firmes deste diretor resgataram a imagem do famoso herói, quase destruído pelo cartunesco e fracassado Batman & Robin (idem, 1997) do Joel Schumacher.
As mãos firmes deste diretor resgataram a imagem do famoso herói, quase destruído pelo cartunesco e fracassado Batman & Robin (idem, 1997) do Joel Schumacher.
No primeiro ato do filme, temos conhecimento de que a morte de Harvey Dent (Aaron Eckhart) foi usada politicamente para transformar o insano anti-herói numa lendária figura de ordem e segurança, numa jogada articulada pelo dedicado (e omisso) Comissário Gordon (Gary Oldman) e pelo deslumbrado Prefeito (Nestor Carbonell). Restou para Bruce Wayne (Christian Bale) se tornar um homem recluso na sua mansão, deixando a figura do Batman como um desprezado e desaparecido infrator de Gotham City.
Quando temos a aparição de um vilão forte e assustador, numa extensa cena da parte inicial do filme, realmente temos o prenúncio de que esforços excessivos serão necessários para combater o sanguinário criminoso. Tanto a composição do ator Tom Hardy como o posicionamento das câmeras, tornam o opositor Bane numa crível ameaça para cidade e, principalmente, para Cavaleiro das Trevas.
Caprichando nas tomadas à distância e no tom seco para o visual da cidade, o longa acerta também na sensação de isolamento, risco e inúmeros cenários possíveis para uma grande tragédia.
Desprezem as eventuais faltas de lógica para alguns personagens e para algumas situações (aquelas que você sabe que não seria possível acontecer em tempo real) para que seja possível se entreter e vibrar com o suspense crescente e eficaz da produção.
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Quanto ao elenco, Christian Bale provou mais uma vez que, em virtude da escolha da direção, tornou-se o mais interessante Batman da história do cinema (acredito que George Cloney também poderia ser se não tivesse caído nas mãos do diretor errado), tanto na caracterização do amargurado Bruce Wayne quanto do obscuro super-herói (reparem no linear e soproso tom de voz que o ator emprega quando se encontra na condição do Cavaleiro das Trevas).
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Com relação aos coadjuvantes, destaque para o impecável Michael Caine, que, mesmo num filme de ação de herói de história em quadrinho, consegue executar com primor cenas de sincera emoção; para Morgan Freeman, competente como sempre e idêntico a papéis de outros filmes como nunca (nem sempre isto é bom), como também para Matthew Modine, considerando que este assumiu um personagem de caracterísitcas e ações óbvias, mas que, ainda assim, obteve êxito na condução do policial de marketing que não incorreu na cilada da caricatura.
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É uma pena que a linda e talentosa Anne Hatawhay pouco contribuiu na história do longa, uma vez que sua Selina Kyle não foi nada além da moça malvada que se rende ao charme do herói, enquanto que Marion Cottilard foi prejudicada com as cenas pouco inspiradas que a apresentaram ao público, deixando dúvida sobre qual a relação da milionária Miranda Tate com o mundo empresarial de Bruce Wayne.
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Existem surpresas no final que nos fazem compreender a escalação de uma oscarizada para o papel de flerte romântico do herói e do destaque dado ao jovem detetive Blake (de Joseph Gordon-Levitt) no decorrer da trama, mas são questões para assistir ao filme e se surpreender (acho que isto não foi um SPOILER...).
Fiquem atentos nas cenas finais e mergulhem em mais um daqueles encerramentos de Christopher Nolan, que colocam em nossas mãos a liberdade de escolher o que de fato aconteceu no fechamento... Cinema numa das linguagens mais interessantes...
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2 comentários:
honestamente? eu saquei algumas das "surpresas finais", mesmo não sendo fã de batman. achei a trilogia em questão de história, fraca: o primeiro filme é o nascimento de um heroi, o segundo é seu auge\queda e o terceiro já uma aposentadoria.
se no primeiro não temos nenhum vilão interessante, no segundo o coringa tomou conta do filme, tornando-o cansativo. no terceiro, um vilão de pouca expressão, uma mulher gato que merecia um maior destaque (sou fã da atriz, desculpe) e muitas cenas um tanto quanto dispensaveis para uma despedida....
Super Gustavo, penso que você está sendo muito rigoroso na análise. O último filme foi inferior aos dois primeiros; concordo que a ótima Anne Hathaway foi mal aproveitada e que o vilão não nos impressionou tanto quanto queriam, mas não ficou tão mal assim. Se comparados com a fase que terminou com a bomba do Joel Schumacher, tivemos uma trilogia bem melhor.
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