sábado, 4 de fevereiro de 2012

Filha do Mal

Não perca seu tempo!



Filme de terror de  baixo orçamento que surpreende na bilheteria. A gente já ouviu e leu muito sobre isso nos últimos tempos, não é mesmo? 

Filha do Mal (The Devil Inside, 2012) é mais um filme em estilo semidocumentário que traz a história de uma bela garota que decide investigar os fatos e entender os motivos que levaram sua mãe a assassinar brutalmente três religiosos durante uma sessão de exorcismo. Se o argumento básico parece instigante, o roteiro e a montagem nos levam de volta a um lugar comum.

O filme começa no momento em que Maria Rossi, uma mulher franzina que assassinou com vigor dois padres e uma freira, liga para a emergência (911) e relata o seu crime. Da parte da ligação até a ida da polícia ao local, tudo é apresentado em formato de matéria jornalística, o que, nesse estágio inicial, até funciona. Saindo dessa introdução, vamos para a velha e sacada câmera subjetiva.

Decorridas algumas partes, já entendemos que o uso da suposta câmera amadora, na realidade, serve  para perder o foco, tremer a imagem ou simplesmente não mostrar aquelas cenas que exigiriam maior rigor técnico na sua concepção. Esse artifício poderia até ser um trunfo para conferir veracidade às emoções do camera man, mas trata-se tão somente de um subterfúgio para não mostrar algo que somente um eficiente trabalho de efeitos visuais poderia garantir.

Parece mesmo que A Bruxa de Blair (Blair Witch Project, 1999) deixou um legado maldito, pois, resguardadas as diferenças nas histórias e nas localidades, a fórmula é exatamente a mesma. O Último Exorcismo (The Last Exorcism, 2010) e Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2007) copiaram a fonte e se deram muito bem no cinema. O primeiro já está com uma sequência em fase de pré-produção e o segundo...

Assim que saímos do cinema, constatamos, mais uma vez, que algum esperto fez um filme de qualquer jeito para ganhar dinheiro fácil. E eu sempre acredito que aquele será o último, que aquele formato se esgotou, mas não, eles voltam, eles se reinventam, eles fazem mais vítimas... E ganham dinheiro porque sempre haverá ingênuos (para não dizer outra coisa) que irão conferir na tela grande, como é o caso deste adorador de cinema que aqui escreve!


Confesso que, quando os créditos iniciais informaram não haver participação da Santa Igreja Católica Apostólica Romana naquela produção,  não cheguei a elaborar crítica alguma sobre aquilo, afinal, eu estava na expectativa de assistir ao filme que passou a ocupar o posto de quinta melhor bilheteria, no gênero terror, em estreia realizada no mês de janeiro. Mas depois, encerrada a projeção, lembrei-me da informação e a achei hilária. Diante do resultado final, qualquer um com um mínimo de inteligência nem cogitaria a participação da Igreja num filme tão capenga.

Os dois padres exorcistas que ajudam a garota chegam a ser cômicos. Vejam bem: a Igreja não aprovava todos os pedidos de exorcismo que chegavam ao Vaticano, então, eles, sensibilizados com o sofrimento de alguns possuídos, decidiam fazer por conta própria as sessões, mas tinha de ser em segredo, sem o conhecimento de seus superiores. Eles não podiam revelar isto a ninguém, somente para as câmeras do documentário que a moça estava fazendo. E um deles, o mais bobo, chora diante da câmera, dizendo que estava com medo de ser excomungado.

Outra parte incômoda: o roteiro é tão frágil que nem se dá ao trabalho de explicar como a moça teve acesso a documentos e locais de forma tão fácil. O cúmulo é quando a garota consegue realizar uma nova sessão de exorcismo na sua mãe, a tal da Dona Maria, no manicômio judiciário em que a senhora estava reclusa após decisão judicial.  Conta outra...

Vamos a um SPOILER:
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Assim como os outros filmes citados nesta postagem, Filha do Mal termina do mesmo jeito: cena de correria e tensão, paulada surpresa no público, fim da filmagem e créditos fuleiros subindo...

Fim do SPOILER.

Apenas uma ressalva: apesar de citados nesta crítica, A Bruxa de Blair e O Último Exorcismo merecem uma conferida.



Um comentário:

Flávio Junio disse...

Gilvan, em tempos de crise eles apostam no barato que rende muito. Particulamente não gosto de coisas estilo Atividade Paranormal, acho mambembe , uma ideia que se vende como inovadora , mas que hoje tá sacada demais...e emendando o que disse no final: "fim da filmagem e créditos fuleiros subindo...COM AQUELE ROCK PESADO AO FUNDO( se for o caso, pois a maioria desses filmes de terror recentes, sempre tem)