segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Os Inocentes





Numa breve pesquisa no IMDb, pude constatar que, assim como este “Os Inocentes” (The Innocents, UK, 1961), existem várias produções para o cinema e para a TV que se basearam no livro "A Volta do Parafuso" (The turn off the screw, 1898), do escritor norte-americano Henry James.

Esse mesmo livro também serviu de inspiração para "Os que chegam com a noite" (The Nightcomers, 1972), dirigido por Michael Winner e protagonizado pelo astro Marlon Brando. Ao contrário de Os Inocentes, o filme com Brandon abusou da sensualidade no romance agressivo entre um jardineiro e uma professora que trabalhavam nas dependências de uma requintada mansão vitoriana. Apesar da ousadia, o resultado do filme não ficou bom, tanto que está na lista dos fracassos na quase perfeita carreira do ator.

Quanto a uma certa refilmagem intitulada "Estranhas Presenças" (Presence Of Mind, 1999), esqueçam! Apesar das ilustres presenças, ainda que em papéis irrisórios, de Harvey Keitel e de Jude Law, além da participação da sempre estrela Lauren Bacall, o filme é de uma absurda falta de inspiração, prejudicado ainda mais pela protagonista insossa Sadie Frost.


Um outro exemplar que se baseou no romance foi o irregular Num Lugar Escuro (In a Dark Place, 2006). Desta vez, o papel da governanta coube à interessante (e cada vez mais apagada) Leelee Sobieski.

Sem dúvida alguma, “Os Inocentes” (The Innocents, UK, 1961) é o melhor exemplar das várias transposições do romance para tela.



Na foto acima, a estrela Deborah Kerr está na antológica cena da primeira aparição nítida do “ser” que atormenta as duas crianças (Martin Stephens e Pamela Franklin, excepcionais) neste memorável filme. Elegante e bem estruturada, a produção é um excelente exemplar de suspense psicológico. Na  cena em questão, durante uma simples brincadeira de esconde-esconde para entreter as crianças, a governanta (Kerr) se depara com uma imagem assustadora, que, até então, só se manifestava em vultos, sombras e sons. Apesar de apavorada, a bela loira, fugindo dos clichês habituais dos filmes desse gênero, contém o grito para não assustar "os inocentes" e observa o homem se aproximar gradativamente. O filme nos trás uma história densa que expõe o amadurecimento precoce de duas crianças em virtude de forças sobrenaturais.





Em Os Inocentes, o romance libidinoso entre o caseiro e a professora não é mostrado, mas tão somente citado ao longo da história. O casal, após ter um caso intenso, lascivo e violento, morrem de forma trágica e misteriosa, deixando uma energia perturbadora no local. O mote principal está na chegada da elegante governanta (Kerr) e a constatação de que algo influenciava o comportamento inadequado de um casal de crianças.


O longa intensificou a parte fantasmagórica da história e atenuou a inocência da governanta. No livro, por exemplo, não temos certeza absoluta de que os espíritos do casal estavam mesmo assombrando as crianças, assim como o sutil flerte da Governanta com o tio das crianças não aparece, nem de forma sugestiva, no filme.

O filme foi um grande sucesso e criou um formato de tensão combinada com suavidade na narrativa que serviu de base para outros cineastas. Um exemplo de filme que seguiu essa linha é o quase cult "A Inocente Face do Terror" (The Other, 1972), uma produção que marcou época, mas que não teve a qualidade e a repercussão de Os Inocentes.

Boa oportunidade para se conferir mais uma perfeita atuação da elegante Deborah Kerr e sentir um pouco de medo sem ver cenas de sangue e gritarias.




2 comentários:

Flávio disse...

Acabei de votar no Enigma para o Top Blog. Brigadao por seu voto também.Abs!

Gilvan disse...

Valeu, Flávio!!!
Abraços!
Gilvan