Alguns jovens atores alcançam o estrelato rápido em virtude de arrasa-quarteirões bem-sucedidos, e muitos deles, aproveitando a onda do sucesso, procuram se firmar como bons atores antes que o estrondo da fama se acabe.
Desta forma, rumam para papéis diferentes daqueles que os consagraram, buscando mostrar aos fãs e à crítica especializada que eles podem ser vistos (ou aproveitados) em outros estilos de interpretação ou em outras formas de apresentação da arte.
Foi o que pensei quando vi todo alarde em cima de "Lembranças" (Remember me, 2010), produção norte-americana dirigida por Allen Coulter, que conduziu a cultuada série "Família Soprano" (The Sopranos, 1999-2007), e estrelada por Robert Pattinson, o vampiro inexpressivo da cinessérie "Crepúsculo" (Twiligh, 2008; New Moon, 2009; e Eclipse, 2010).
O desinteresse foi tamanho que só deixei para assistir ao filme em casa, numa calma tarde de domingo, quando exibido na televisão.
Acredito que grande parte dos especialistas em cinema ainda estão torcendo o nariz para o filme, pois, se pensarmos nas chamadas do cinema, a intenção foi mesmo a de promover Pattinson. Não por acaso, o desengonçado é um dos produtores executivos do filme.
A história está centrada no dia a dia de um jovem desajustado que rompeu com sua família após uma tragédia que se abateu sobre suas vidas. Apesar de contido, ele aceita o desafio de um amigo para seduzir a filha do policial que deu uma surra nos dois durante uma briga numa boate.
A bela garota, inicialmente invocada e arisca, cede aos encantos do rapaz e eles começam um namoro. No decorrer, o rebelde percebe que a mocinha também passava por um momento de superação, visto que ela havia perdido a mãe num assassinato cometido à sua frente. Forte o argumento, não?
Sem cair no piegas, o filme consegue mostrar a gradativa e delicada inteiração de um jovem casal que tem dificuldades de encaixar a paixão sincera num mundo de dor e descrédito. Para piorar, havia a questão da mentira, pois a aproximação se deu por uma irresponsável e perigosa intenção de vingança.
Interpretando o pai da moça, está o ótimo Chris Cooper, um policial rude que guarda a dor de não ter conseguido salvar a esposa de um assassino, mas que, em contrapartida, revela que seu jeito duro e pragmático é a sua maneira de proteger e amar a única filha.
Pierce Brosnan está tão acostumado a papéis de homens sofisticados que parece conduzir o personagem do pai do protagonista num piloto automático, estando bem, como de costume, na personificação de um homem que usa o trabalho e a projeção nos negócios como forma de não demonstrar a dor da perda. E isto é um problema, posto que o filho instável pensa em frieza e desamor, principalmente quando vê o desinteresse do pai pela filha mais nova, um garota tímida e inteligente, interpretada com sinceridade e delicadeza pela doce Ruby Jerins.
Fechando o elenco principal, como a mocinha, temos a bela Emillie de Ravin, da série de TV Lost (idem, 2004-2010), e no papel da mãe do personagem de Pattinson, temos Lena Olin, de "A Insustentável Leveza do Ser" (The Unbearable Lightness of Bein, 1988).
Outro fator que me fez apreciar ainda mais o filme foi um item surpresa ao final. Acredito que todos se emocionam, de uma forma ou de outra, em maior ou menor grau, com um fato que abalou a opinião pública mundial.
Sugiro uma visita a esta produção e finalizo com um registro que eu preciso fazer constar: eu não gosto de filmes (somente) românticos!
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Um comentário:
Oi Gilvan, existe um filme recente que eu considero um dos piores filmes românticos de todos os tempos: Querido Jonh. Não sei se este segue a linha do filme da Amanda Seyfried, mas...
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