segunda-feira, 26 de abril de 2010

O Silêncio dos Inocentes

Anthony Hopkins e a loira Jodie Foster (ruiva para o filme) em cena de "O Silêncio dos Inocentes" (The Silence of the Lambs, USA, 1991).

Jodie Foster e a antológica cena em que a Clarice Starling, a jovem agente do FBI, confronta a mente perigosa do psiquiatra Hannibal Lecter, o famoso psicopata interpretado por Anthony Hopkins. Nas fotos de divulgação, tínhamos a impressão de que o assassino estava atrás da mocinha, mas o que estava sendo apresentado era o reflexo do prisioneiro no vitral de proteção que o separava da heroína.

O Silêncio dos Inocentes ganhou 5 Oscars: Melhor Filme, Melhor Diretor (Jonathan Demme), Melhor Ator (Anthony Hopkins), Melhor Atriz (Jodie Foster) e Melhor Roteiro Adaptado. Foi o terceiro filme na história do cinema a receber os 5 prêmios principais na Cerimônia do Oscar. Os demais foram Aconteceu Naquela Noite (1934) e Um Estranho no Ninho (1975).

Esqueçam a continuação "Hannibal" (Hannibal, USA, 2001) que, além da absurda falta de bom gosto, é um verdadeiro desperdício do talento de Julianne Moore, de Gary Oldman e de Giancarlo Giannini. Mas se quiserem arriscar, ao menos irão entender a razão de Foster ter se recusado a fazer o filme, mesmo com toda insistência e vantagens oferecidas pelos produtores. Infelizmente, Hopkins não teve o mesmo pulso firme da atriz.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Queime Depois de Ler

Joel e Ethan Coen se arriscaram em mais uma cilada para o público... E acertam de novo!
.Não tenho dúvidas de que "Queime Depois de Ler" (Burn after reading, USA, 2008) não é um filme para o grande público. Percebi várias pessoas saindo indignadas da sala de cinema após assistirem à exibição de mais um trabalho dos Coen.
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Sem fazer uma referência direta, visto a diferença incontestável dos cineastas, o filme me fez lembrar as palavras do grande mestre do suspense Alfred Hitchcock. Em certas obras, o cineasta não dirige somente o elenco, mas também o público. E, para mim, foi exatamente isto o que os Coen fizeram.
.Eles (não sei a razão, mas não gosto de citá-los como "os irmãos Coen") criaram uma trama instigante, mas bastante leve, nos apresentaram a vários personagens cativantes, deram um rumo absurdo ao roteiro e, na cena final, sentaram a marreta na cabeça dos espectadores. Alguém tem dúvidas de que eles poderiam fazer o que bem quisessem com aquela equipe primorosa?
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Muitos não apreciaram o ótimo "Onde os fracos não têm vez" (No Country for Old Men, USA, 2007), produção anterior dos Coen, visto que o filme, apesar do humor negro, teve um desenvolvimento muito tenso e foi encerrado da forma menos convencional possível. Foram criadas até comunidades na internet para debater os pontos "obscuros" do longa. Acredito que muitos não prestaram a devida atenção em diálogos - aparentemente evasivos -, tampouco no entrelaçamento de todas as cenas. Nada no filme foi feito por simples entretenimento... Para alguns, diante da análise "complicada" (e nem é tanto assim), é bem mais cômodo dizer que não gostou. Porém, respeito quem queira optar por este posicionamento. Cinema é assim mesmo... Eu não gostei nem um pouco do maçante "O Incrível Hulk" (The Incredible Hulk, USA, 2008), pois... Deixa pra lá!
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Eu adorei "Onde os fracos não têm vez" e torci por ele na Cerimônia do Oscar. E quem venceu?
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"Queime depois de ler", embora menos elaborado do que o filme anterior da dupla, também foi uma grata surpresa. Eu não esperava que o filme tomasse aquele caminho... Mais uma vez, eu fui "dirigido" com maestria pelos dois cineastas, eles levaram o público para onde queriam. Quem não estava preparado (ou acostumado com o estilo) levou uma bordoada mesmo. Sem direito a rir deliciosamente como fazem George Clooney e Frances McDormand na foto abaixo.
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O enredo não tem muitas complicações, senão vejamos: John Malkovich interpreta Osbourne Cox, um analista de informações da CIA que é demitido de seu ofício por fazer uso constante de bebidas alcóolicas. Irritado, ele refuta o argumento de seu superior, faz uma baderna "básica" (risos) e volta revoltado para sua casa. Numa situação como esta, ele assume mesmo seu gosto pela bebida e resolve escrever um livro de memórias. Sua esposa Katie (Tilda Swinton), fria e distante, fica contrariada com o fato e, para se resguardar, resolve contratar um advogado e se garantir financeiramente diante do iminente naufrágio do marido. Na realidade, ela não estava nem um pouco interessada na decadência humana de Osbourne, pois mantinha um caso com o investigador federal Harry Pfarrer (George Clooney), também casado com outra mulher (Elizabeth Marvel, uma atriz sem graça). Uma vez acostumados a esta trama, somos apresentados à personagem de Frances McDormand, a hilária Linda Litzke, a coordenadora de uma academia que pretende fazer uma série de cirurgias plásticas para ficar jovem e sexy. Ela tenta deseperadamente usar seu seguro saúde e descobre que o plano não cobre tratamentos estéticos. Há uma ótima cena em que Linda tenta fazer uma ligação e se depara com aqueles ridículos atendimentos digitais (Ooooooi!!!). Enquanto não fica perfeita, ela faz uso de um site de relacionamentos na internet e tem vários encontros (entre eles, com Pfarrer). Linda confidencia seus momentos com seu melhor amigo, Chad Feldheimer (Brad Pitt), o instrutor pancado da academia.
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O que uma história tem a ver com a outra? O CD com partes dos dados sigilosos de Osbourne é encontrado no banheiro da academia (mais tarde, ficamos sabendo como) e vai para as mãos de Linda e Chad. Eles descobrem que o conteúdo pode ser objeto de uma chantagem para conseguirem dinheiro fácil... E partem para o ataque! O problema é que os dois são tão ingênuos (para não dizer outra coisa) e acreditam que podem confrontar o desequilibrado (e irritado) Ousborne. Algo que também adorei: a Rússia e a passada Guerra Fria tornam-se o país e o fato histórico que comprovam a idiotice de Linda e Chad, trazendo ótimas seqüências para o longa.
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Pela sinopse, vocês perceberam que o elenco é formado por grandes astros. E eu nem citei , J.K. Simmons, David Rasche e Richard Jenkins. Mesmo em papéis menores, eles contribuem significativamente para o humor negro impecável do filme. Destaque para J.K. Simons (o ranzinza editor do jornal de Spider-Man 1, 2 e 3) que faz uso de sua cara de mal e de sua voz imponente para compor um personagem severo, mas que, num tom super acertado, nos dá a impressão (ou a certeza) de que o chefão da CIA, além de irônico e travesso, não estava nem um pouco interessado nas informações "sigilosas" passadas por seu agente de confiança (Rasche).

As vencedoras do Oscar, Tilda Swinton e Frances McDormand, têm a chance de comprovar, mais uma vez, o talento e o domínio sobre personagens variadas. Swinton, elegante como de costume, faz uso de seus expressivos olhos para interpretar uma mulher requintada e ligeiramente irônica. A expressão cínica e o leve sorriso de deboche da atriz, feitos no momento em que o marido lhe conta que vai escrever um livro de memórias, é um de seus admiráveis exemplos de técnica artística.
.Frances McDormand (que nunca decepciona seus fãs) dá um tom a mais na caricatura de sua personagem, mostrando desprendimento e humor ao tratar dos problemas de idade de Linda, e se torna uma figura muito divertida, cheia de caras e bocas.

George Clooney (de quem eu sou fã) tenta, mas, infelizmente, não fica impecável na interpretação do conquistador e desajeitado Harry Pfarrer. Contudo, a leve falha não compromete a atuação em circunstâncias mais "extremas", visto que o competente ator dramático se sai bem nos momentos súbitos do filme.
Curiosamente, no elenco masculino, as melhores composições de personagens ficaram por conta de dois atores insípidos (nem vou pedir perdão, é a minha opinião): Brad Pitt, que me parecia apenas um "astro" de olhos cativantes e talento curto; e John Malkovich, ator criterioso na escolha de seus papéis, mas que nunca havia me causado admiração. Os dois têm uma legião de admiradores, portanto, sei que meu conceito não defaz o conjunto da obra dos atores.
Acredito que a maioria do grande público se surpreendeu e adorou a performance tresloucada de Brad Pitt. E com razão: o ator abandonou o perfil de galã e não se censurou para nos apresentar a um dos personagens mais ridículos e carismáticos da galeria de patetas do cinema. Ele esteve ótimo do início ao fim. Penso que vou gostar mais dele nos próximos trabalhos.
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Apesar dos louvores para quase todos os artistas, o grande trunfo do filme ficou mesmo por conta de John Malkovich. O ator caprichou no olhar, nas oscilações de humor, nos tiques e na seriedade diante de cenas estapafúrdias durante toda a produção. Preciso admitir, apesar dos termos do parágrafo acima, que o personagem Ousbourne serviu para endossar o talento de Malkovich.

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Assistam sem medo e, caso não gostem, pensem nos brindes de interpretação dos atores deste filme. E não se esqueçam de que serão dirigidos para levar uma bordoada.

terça-feira, 6 de abril de 2010

A Incrível Kathy Bates

Na foto acima, após usar uma marreta para quebrar o pé do seu escritor favorito, a desequilibrada Anne Marie Wilkes (Kathy Bates) murmura de forma doce e poética: "Ah, meu Deus! Eu te amo tanto!", enquanto o homem urrava de dor e agonia. Uma cena e tanto!
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Lembro-me de que, no ano em que Kathy Bates recebeu o Oscar de Melhor Atriz, alguns filmes só entravam em cartaz no Brasil após a Cerimônia de Premiação. Acho que foi o caso de "Louca Obsessão" (Misery, USA, 1990), pois algumas pessoas comentaram que não sabiam quem era aquela atriz que subiu ao palco para receber o prêmio.
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Quem conferiu o trabalho de Bates no filme em questão, um significativo exemplar de suspense dirigido por Rob Reiner, entendeu perfeitamente a razão da atriz ter levado o prêmio. Seu desempenho foi impecável e, por conseguinte, o reconhecimento mais do que merecido. Vivendo um papel complexo, a ex-enfermeira Anne Marie Wilkes, a atriz soube apresentar os vários estados de humor de sua personagem (apatia, candura, felicidade, ferocidade, amargura etc.) com convicção e dosagens corretas, nunca incorrendo no exagero ou no estereótipo de psicopatas. A parceria com James Caan (de "Licença para amar até a meia-noite" e outros sucessos) foi muito bem sucedida, rendendo bons momentos de debates, "galanteios" e confrontos. Também no elenco desse ótimo filme, ainda que num papel pouco expressivo, temos a honra de poder (re)ver Lauren Bacall ("Teu nome é mulher").
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A história tem um enredo (aparentemente) simples: passando por uma cidadezinha isolada, que sofria uma nevasca, um escritor de sucesso sofre um acidente de carro e é socorrido por uma ex-enfermeira que o leva para sua casa, sabendo que poderia cuidar dos ferimentos da vítima. Quando ela descobre que está diante do autor dos livros que tem a personagem Misery (daí o título original do filme), a heroína preferida da solitária mulher, ela mal consegue conter sua alegria. O problema é quando ela lê alguns manuscritos e descobre que o autor iria encerrar a série com a morte da personagem. Então ela resolve fazê-lo prisioneiro a fim de que ele reescreva a história, logicamente de outro jeito. Inicia-se então o grande duelo de argumentos entre um inteligente escritor e sua fã ensandecida.
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Hoje, Bates tem grande projeção no cinema e vem acumulando excelentes trabalhos ininterruptamente. Um filme que tem seu nome nos créditos já ganha um ponto de credibilidade, pelo menos nas cenas em que a atriz aparece (lembram-se de "Diabolique"?). Se quiserem conferir outra ótima atuação de Bates, assistam "Eclipse Total" (Dolores Claiborne, USA, 1995), onde ela faz um bom dueto com Jennifer Jason-Leigh.
Kathy Bates