"Se a mulher se comportasse como esses caras, nunca mais conseguiria emprego no cinema e seria chamada de vagabunda e viciada." 
"Se a mulher se comportasse como esses caras, nunca mais conseguiria emprego no cinema e seria chamada de vagabunda e viciada." 

"Na Mira do Chefe" (que título!) foi indicado como Best Motion Picture - Musical or Comedy (vou manter a expressão no original por não concordar com esta classificação, e também porque a tradução é óbvia - uma questão de claro cognato) na 66th Annual Golden Globe Awards. Não venceu, mas o filme deu o prêmio de melhor ator para Colin Farrell.
O que esperar de um filme que custou US$ 25 milhões, que apresenta um pôster sombrio e instigante e que tem como protagonistas dois grandes astros do momento? Ao menos um bom entretenimento, não acham? Podendo ser aqueles que a gente até esquece no dia seguinte, mas que valeu a pena durante a sessão. Como não houve alardes, eu esperava ver um filme mediano, no mínimo...
Filmes com bom elenco e bem produzidos já amargaram fracassos de bilheterias em virtude daquelas reações surpresas do grande público. Aquelas situações difíceis de se prever. Não é o caso de "A Lista" (Deception, USA, 2008), considerando que, logo nas cenas iniciais, notamos que o filme irá nos contar uma história vista por milhares de vezes. Isto é um problema? Claro que não, visto que temos diversas obras ou temas que frequentemente (olhem a nova ortografia aí, pessoal!) são revisitadas, e com sucesso! A falha de "A Lista" é que diretor, roteirista e produtores nem se preocuparam em propor algum tipo de inovação, ainda que mediana. E os atores fizeram o que lhes cabiam: receberam seu cachê e representaram os personagens nada desafiadores. Acredito que eles estavam cientes de que o enredo era uma bobagem.
Estrelado pelos famosos Hugh Jackman e Ewan McGregor, contando com a atuação da atriz em ascenção Michelle Williams (do seriado de TV "Dawson's Creek") e da ilustre veterana Charlotte Rampling, o filme "A Lista" é uma enganação do início ao fim.
O geralmente criterioso Ewan McGregor, um ator de inegável preparo e prestígio, interpreta o certinho Jonathan McQuarry, um auditor corporativo que, por conveniência para o intuito do "inspirado" argumento, trabalha com exorbitantes capitais de terceiros: números, números, números... A função exata para um bobo prestes a cair na garra de um espertão.
O colega arrojado, que se apresenta como Wyatt Bose, um advogado do grande centro empresarial, é interpretado pelo imponente e expressivo Hugh Jackman. Pelo menos nisto o filme acerta: Jackman é alto, elegante e forte o bastante para impressionar o franzino e delicado McGregor. Um auxílio, ainda que meramente ilustrativo, para fortalecer a idéia do poder que o bem-vivido tem sobre o inexperiente. Além de esporte, saídas e paqueras, o admirado colega oferece a possibilidade de adrenalina e sexo fácil ao tímido executivo. O jogo da acidental troca de aparelhos celulares é de uma desagradável falta de imaginação. Voltando um pouco mais no início, a cena em que o personagem de McGregor vai perguntar à recepcionista onde é a sala de Wyatt Bose, e é interrompido pelo próprio no mesmo instante (ele chegou na hora exata!), também é de uma crueza absurda. É claro que ela não o conhecia, ele nem trabalhava naquele prédio... Foi tão difícil concluir isto.
O subtítulo em português "Você está livre hoje?" foi jogado na cara do público para justificar a escolha do título para nossa língua pátria. Sejamos sinceros: até que ficou mais atraente do que o original. Por quê? A denominação norte-americana também entrega o filme! Deception (fraude, logro, engano... ilusão). O que vocês acham que estava reservado para o entusiasmado McQuarry?
O tolo começa a conhecer e a ter momentos de prazer com diversas mulheres, dentre elas a linda Natasha Henstridge, uma atriz que pareceu ser uma grande promessa ao estrelar "A Experiência", mas que não teve o destaque merecido nos trabalhos seguintes.
A sempre interessante Charlotte Rampling também é uma agradável aparição. Com mais de 60 anos, a atriz inglesa de enigmáticos olhos claros ainda conserva a sensualidade que lhe fez famosa. Foram muitos os filmes em que Rampling apareceu nua e em cenas insinuantes. Sua participação especial neste filme não foi por acaso.
As aventuras noturnas vão tomando tempo de McQuarry, dando-nos a impressão de que o rapaz estava com a vida completamente desregrada, vivendo somente de encontros casuais.
Numa determinada noite, ele conhece um bela loira (coincidentemente a mesma garota que ele já tinha visto numa estação de metrô e que ele havia ficado interessadíssimo... Sacaram?) e se vê diante de alguém completamente diferente das outras mulheres. A garota tinha princípios. Por quê?
A isca loira é interpretada por Michelle Williams. Bem, o que eu posso falar do desempenho da garota? Vejamos... Hum! Já sei: Michelle Williams é bonita.
McGregor é um bom ator, mas não apresenta nenhuma composição que nos faça acreditar no seu personagem como alguém ímpar. É um tímido de óculos como muitos que já vimos no cinema.
Por outro lado, Hugh Jackman se sai melhor como o sofisticado e perigoso Wyatt Bose, pelo menos em parte do filme. Fazendo uso de seus atributos físicos (rosto requintado e corpo vigoroso), Jackman consegue tornar seu personagem bastante crível nos momentos em que ele demonstra segurança e requinte, assim como naqueles em que ele se torna um homem ardiloso e ameaçador.
O recado está dado. Se quiserem assistir por serem fãs de Jackman, McGregor ou Rampling é outra coisa... Entendo a necessidade de dar uma conferida na performance de alguns astros, ou até mesmo para verificarem se há algum exagero neste texto. Mas uma coisa é certa: não esperem muita coisa da história.