sábado, 21 de maio de 2011

Os Agentes do Destino


Philip K. Dick (1928-1982) teve vários de seus contos e romances adaptados para o cinema pelo fato de suas histórias conseguirem combinar personagens próximos do normal a um mundo diferente daquele em que vivemos. Os argumentos criativos proporcionaram filmes que prosperaram nas bilheteriass, como o cult movie Blade Runner O Caçado de Andróides (Blade Runner, 1982), o arrasa-quarteirão O Vingador do Futuro (Total Recall, 1990) e o bem produzido Minority Report - A Nova Lei (Minority Report, 2002). Também, temos o injustiçado Impostor (idem, 2002), um filme que não ganhou grandes projeções devido a um trabalho de divulgação mal feito.
Desta vez, é um pequeno conto do autor futurista que é usado como base para mais uma ficção hollywoodiana. Agentes do Destino  (Adjustment Bureau, 2011) é uma adaptação de The Adjustment Team (1954), que, para se tornar um longa-metragem, precisou sofrer algumas intervenções na linha narrativa, assim como receber elementos não presentes na obra original.
Talvez por isto o filme não tenha obtido um bom resultado, pois os roteiristas (sim, eles de novo...) excederam nas explicações de algo que poderia ter ficado na penumbra, como acontece em contos fantásticos. 

A sinopse é interessante: um talentoso congressista, com grande futuro no cenário político, conhece uma bela bailarina e fica completamente apaixonado, mas, a partir de então, começa a ser monitorado por um grupo de homens que quer reconduzi-lo à sua trajetória profissional. O que parecia ser somente uma intervenção inconveniente se revela como uma ameaça real para ele e a para sua nova namorada.
Como não poderia deixar de ser, uma vez que o filme é baseado numa história de Philip K. Dick, a trama fica obscura e o realismo fantástico ganha força ao longo do desenvolvimento.

O produtor e escritor George Nolfi, que já revelou sua proximidade com filmes de tramas ágeis ao roteirizar O Ultimato Bourne (The Bourne Ultimatum, 2007), Doze Homens e Outro Segredo (Ocean's Twelve, 2004)  e Linha do Tempo (Timeline, 2003),  nesta produção, faz sua estréia como diretor, trabalhando mais uma vez com Matt Damon, o astro da Trilogia Bourne.


Como a mocinha, temos a atriz em ascensão Emily Blunt, que chamou a atenção do grande público como a cínica secretária de Meryl Streep em O Diabo Veste Prada (The Evil wears Prada, 2006) e que, neste trabalho, nos dá mais uma prova de que tem beleza e talento de sobra.

No mais, fica a dica para um sessão mediana de entretenimento, infelizmente, prejudicada pela má organização das idéias e pela insistência numa história de amor confusa.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Josh Saviano vs. Marilyn Manson


O ator Josh Saviano se destacou como Paul Pfeiffer, o nerd sensível e carismático do seriado Anos Incríveis (Wonder Years, 1988-1993), e ganhou muitos fãs com a fala mansa e soprosa que emprestou ao personagem.  Devido ao grande sucesso de público e crítica, a série teve seis temporadas e, assim como seus colegas de elenco, o pequeno gênio Fred Savage e a engraçadinha Danica McKellar, Josh Saviano trabalhou do início ao fim, permitindo que os espectadores acompanhassem o seu crescimento. O garoto magrelo e narigudo terminou a série como um rapaz magrelo e narigudo. Somente a altura foi uma mudança visível...



Os protagonistas seguiram a carreira artística, mas Josh Saviano se dedicou aos estudos acadêmicos e se graduou em Direito pela Yeshiva's Benjamin N. Cardozo School of Law, de Manhattan. Atualmente, o ex-ator é um respeitado advogado que atua na cidade de Nova York.


Recentemente, Josh, ou melhor, o Procurador Joshua David Saviano teve de vir a público para esclarecer um boato hilário que tomou conta de vários sites de cinema e rock da internet. Espalharam pela rede que o desaparecido ator era ninguém menos que o polêmico músico Marilyn Manson. Em virtude da semelhança de alguns traços dos dois artistas, principamente o narigão, e do fato de Saviano ter sumido da mídia, muitos internautas afirmavam que os dois eram a mesma pessoa. O cantor, que não se importa com escândalos e lenda urbanas, somente se manifestou após saber que o fato incomodava o jurista. Mostrando as contas, Manson estaria com 19 anos na data do primeiro episódio do seriado, não podendo ser, portanto, a criança que o público viu crescer ao longo de Anos Incríveis.



Para finalizar, o debochado ainda arrematou a situação com a frase seguinte: "Se eu tivesse feito esse seriado, eu não teria feito o papel do nerd, teria feito o papel da Winnie [a namoradinha do protagonista]".

terça-feira, 10 de maio de 2011

Caroline?

A charmosa e carismática Stephanie Zimbalist é uma atriz que não tem muita projeção no Brasil, mas que, provavelmente, a maioria do público já deve ter visto algum filme com essa renomada profissional.
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Nos Estados Unidos, Zimbalist é uma atriz de grande prestígio junto ao público televisivo, no entanto, como outras estrelas norte-americanas, ela não teve nenhum trabalho no cinema que emplacou.
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Stephanie iniciou sua carreira desempenhando um papel importante no filme Yesterday's Child (1977), ao lado de atrizes consagradas como Shirley Jones e Geraldine Fitzgerald. A partir de então, a atriz atuou em vários e ininterruptos filmes, tendo destaque o bom drama "A longa viagem de volta" (Long Journey Back, USA,1978) e o suspense psicológico "A Enviada do Mal" (The Babysitter, USA, 1980).
Ela estava com sua carreira sólida quando aceitou ser a "mocinha" do seriado de TV Remington Steele, protagonizado por Pierce Brosnan, e acabou roubando muitas das cenas do até então pouco conhecido 007. O seriado, que foi intitulado "Jogo Duplo" aqui no Brasil, teve seis temporadas de sucesso durante os anos de 1982 a 1987.

Existem vários filmes de TV que podem ser citados e que servem para comprovar o talento da atriz, tais como: Elvis e a Rainha (com Don Johnson, de Miami Vice), Erros do Passado, O Assédio do Poder, Encontros Fatais (com Jennifer O'Neal, de Verão de 42), Fuga na Selva (com Julian Sands, de Encaixotando Helena), Sem Chance de Cura, Segredos do Passado (com Walter Matthau), Múltipla Identidade (com JoBeth Williams, de Poltergeist O Fênomeno), Perseguição Sem Limites e "Love on the Run" (com Alec Baldwin).
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Mas foi com o longa feito para TV Caroline? (Caroline?, USA, 1990), dirigido por Joseph Sargent, que Stephanie Zimbalist teve a oportunidade de brilhar num papel delicado e desafiador.


O filme nos traz a história de uma bela balzaquiana (Zimbalist) que chega no lar de Paul Carmichael, um velho e bondoso milionário (interpretado por George Grizzard), alegando ser sua filha Caroline Carmichael, uma garota que estava desaparecida há 15 anos. O sumiço havia ocorrido durante uma viagem a passeio, quando Caroline ainda era uma adolescente. O homem, diante da incrível semelhança e do pleno conhecimento da moça sobre peculiaridades da família, aceita aquela estranha com muita emoção e carinho. A explicação sobre o tempo ausente é respaldado por uma convincente história de problemas emocionais causados no acidente que ela havia sofrido, mas a garantia de sua aceitação acaba sendo a singularidade no comportamento e nos gestos que ela tinha de Caroline.

No entanto, Grace (Pamela Reed, de Um tira no jardim de infância), a atual esposa de Paul, desconfia de que aquela mulher recatada não é a adolescente extrovertida e inquieta que ela conhecia somente por fotos e informações. Pensando em preservar a fortuna para seus filhos, o nerd Winston Carmichael (Shawn Phelan) e a deficiente Heidi (Jenny Jacobs), Grace inicia uma série de eventos para averiguar se aquela moça era mesmo a adolescente desaparecida, chegando a promover uma festa com os antigos colegas de escola de Caroline a fim de desmascarar a possível intrusa. Ao mesmo tempo em que Grace se frustra com cada tentativa de provar que a moça é uma impostora, Caroline também comete alguns vacilos, o que poderia ser significativo ou não, visto que a garota havia sofrido uma amnésia temporária depois do acidente, no entanto, os erros, algumas vezes, nos induzem a acreditar que a madrasta poderia estar certa.
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Inobstante os desentendimentos, Caroline se mantém serena e inicia um suave processo de aproximação com seus irmãos, à medida que conquista cada vez mais seu pai adoentado.
O interessante na produção é que a trama não se resume somente à questão da moça ser ou não Caroline, sendo complementada com o envolvimento da "natimorta" com os meio-irmãos, em especial, com a Heidi, a garota que tem deficiência física e parcialmente mental, assim como com a relação de amizade com a enigmática Flora Atkins (interpretada com sutileza pela veterana Dorothy McGuire).
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O desenvolvimento do filme é bem eficaz e mantém a atenção do início ao fim. Quanto ao final, só posso dizer que foi o mais acertado possível, deixando uma mensagem terna, simbólica e ambígua.
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Com ótima reconstituição de época, bem produzido e tendo sido vencedor do Emmy em três categorias, incluindo Melhor Direção de Drama Produzido para TV, e indicado ao Golden Globe de Melhor Atriz em Filme Feito para TV (Zimbalist), "Caroline?" é uma produção que merece ser conferida.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Danica McKellar

A revista Maxim sempre traz uma modelo quente para suas capas, aproveitando-se dos ensaios fotográficos erótico-profissionais para revelar um pouco mais sobre a vida íntima das gostosas de plantão.

Sexy Simbols como  Megan Fox, Elisha Cuthbert, Kim Kardashian e Eva Mendes já foram clicadas e abusadas pelas sábias lentes da renomada revista.

Como a revista promete beleza e conteúdo, não é uma tarefa fácil arrancar conversas relevantes em todas as suas edições. Haja criatividade! 

Entre os acertos, eles foram bem no convite feito à queridinha Danica McKellar.
Se vocês não sabem quem é a garota pelo nome, eu revelo que se trata da atriz que interpretou uma das namoradinhas televisivas mais queridas da América.
Como a graciosa nerd Winnie Cooper, McKellar ganhou fama e um lugar na galeria de personagens inesquecíveis da TV, o que lhe rendeu também um estigma difícil de se tirar, visto que a garota não interpretou outro papel que a destacasse nos seus trabalhos seguintes.

Até hoje, as perguntas sobre sua longa participação no seriado Anos Incríveis (Wonder Years, 1988-1993) se tornam inevitáveis. Assim como ela, Fred Savage, que interpretava o protagonista Kevin Arnold,  e Josh Saviano, iniciaram o seriado ainda crianças e terminaram como adolescentes ávidos por descobrir os desejos da vida adulta.
  Fred Savage (como Kevin Arnold) e em foto recente

A seguir, uma transcrição da entrevista que a bonitinha concedeu à revista:


Diga, o que você achou de sair na Maxim?

Eu achei superdivertido. Ainda mais com estas fotos de aluna CDF, com ar sexy. Nunca tinha me imaginado deste jeito. 

O que fez uma atriz mirim se transformar em uma deusa da matemática?

Quando entrei na faculdade, eu tinha a intenção de estudar cinema. Mas, achei que meu cérebro estava muito preguiçoso e comecei a me dedicar às aulas de matemática. Foi aí que percebi que era boa em resolver equações. Acabei seguindo este caminho estranho...

Caminho estranho é a matemática?

Sim! Após a formatura, saiu um artigo falando sobre minha turma onde, eu era coautora da provação de um novo teorema. Depois disso fui incentivada a escrever vários livros. Resolvi fazer as meninas a não terem medo de matemática. Meu último livro foi o X Quente: Álgebra Exposta!. Isso é bem diferente de Anos Incríveis... Eu percebi que precisava me encontrar fora da série. As pessoas me chamavam de Winnie Cooper o tempo todo - algumas ainda chamam hoje - e eu achei que seria importante encontrar o que mais eu poderia oferecer. 

Matemática é sexy?

Totalmente! Se um cara é expert em alguma coisa, já o faz dele uma pessoa atraente. Isso é algo primitivo.
O que mais te excita?

Confiança em si mesmo, independentemente do sexo. Olhe para Michelle Pfeiffer: ela tem 50 anos e é uma pessoa totalmente autoconfiante. 

Todo mundo se lembra do primeiro beijo de Kevin e Winnie. Aquele foi seu primeiro beijo de verdade?

Sim, e tanto para mim quanto para ele. Eu tinha 12 anos e ele 11, o que foi apenas uma semana depois de nos conhecermos, o que é um pouco demais para duas crianças. Porém, nós nunca nos beijamos fora de cena. 

Você deve encontrar caras que te passam cantadas por causa do seu papel famoso...

Eu realmente tomo cuidado quando os caras chegam perto de mim por causa de Winnie Cooper, e tenho cautela para não cair nesta cantada.

sábado, 7 de maio de 2011

Nem tudo é realidade digital

Filmar parte do público e criar efeitos digitais para preencher as cenas com multidões não é a regra para todas as produções. 

As fotos abaixo mostram que alguns ainda recorrem aos bons e velhos truques.













domingo, 1 de maio de 2011

O Último Exorcismo

A onda de produções de baixo orçamento já nos apresentou boas surpresas, principalmente aquelas que se aventuraram no gênero terror e se concentraram na forma de  pseudo-documentário.

O Último Exorcismo (The Last Exorcism, 2010) poderia ter ido pelo mesmo caminho de sucesso de filmes como A Bruxa de Blair (Blair Witch Project, 1999) e Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2007), se não tivesse abusado do mal enquadramento da câmera subjetiva, do roteiro amador e da falta de correlação da proposta com o resultado final.


Não que os outros filmes tenham sido primorosos na elaboração de seus roteiros, mas pelo menos souberam explorar bem a curiosidade do público e a forma de divulgação de seus produtos, dirigindo as ações  de promoção e apresentação com  vivacidade. Quem se sentiu enganado, em grande parte, riu de si mesmo, pois, nesses dois pequenos clássicos, foram cumpridas as sugestões de impacto e  de trauma pós-sessão de cinema.  E isto O Último Exorcismo não conseguiu.

Não deixa de ser uma pena, pois o argumento tinha originalidade e boas promessas. 

A história se concentra nas desventuras de um pastor evangélico que, instruído desde criança pelo próprio pai, conduzia os  fiéis de sua igreja com destreza e bom humor, investindo no trabalho de tirar o mal que obsediava  alguns fanáticos religiosos.

Depois de ganhar dinheiro e fama, o pastor Cotton Marcus (interpretado com graça e vigor pelo carismático Patrick Fabian) resolve encerrar sua participação no show business de curas milagrosas que ele promovia na sua igreja e nas suas viagens pelos Estados Unidos, em virtude de um sonho que teve. Nele, sua bonita família se via em situação de terror e loucura, o que ele entendeu como um sinal para por fim ao seu negócio. 

O pastor, inicialmente, expõe sem pudor seu lado picareta e aproveitador ao revelar que não acreditava na possessão demoníaca, mas que fazia as sessões de exorcismo, armando um grande circo, por entender que aquela era a forma de libertar seus fanáticos fiéis daquilo que eles acreditavam ser obra do demônio. Depois, passamos a entendê-lo quando ele nos esclarece que fazia aquilo para que o possuído se libertasse do sofrimento e seguisse sua vida com tranquilidade e confiança. Em todos os casos, ele entendia tratar-se de  histeria, psicose, neurose e coisas do gênero, e que o tratamento se dava por indução religiosa. Então tá, né!

Para provar sua teoria, ele resolve atender a um último pedido, registrando o seu  passo a passo para uma produtora independente de vídeo-documentário. Aleatoriamente, entre suas várias correspondências, ele escolhe a carta (existe até um comentário maldoso sobre quem escreve cartas em plena era do e-mail) de um  fazendeiro da Louisiana, nos Estados Unidos, que acreditava no estado de possessão demoníaca de sua filha adolescente, visto que a garota vinha matando os animais da fazenda com fúria e requintes de maldade.
Assim, ele parte para o local com uma equipe de TV que iria registrar todo seu processo de análise, estudo,  preparo e aplicação de sua técnica para curar a jovem histérica, pretendendo, desta forma, finalizar sua missão e provar que não existe demônio nesses casos.

É aí que entra a parte original e promissora do filme. Ele iria se surpreender com um verdadeiro caso de possessão demoníaca! Sendo assim, suas técnicas e parte de sua zombaria o colocariam numa situação assustadora... E tome bordoada!

Também causando um bom impacto, temos a doce atriz Ashley Bell, que, inicialmente, apresenta-se com uma serenidade e um olhar tão puro que chega a nos comover. De certo modo, inferimos que o fanatismo religioso do pai estaria  fazendo com que a jovem acreditasse estar possuída pelo demônio. Seriam as questões do desabrochar da adolescente? Com o desenvolvimento da trama, a carinha de anjo termina por mostrar que seus acessos de fúria não estavam relacionados tão somente com influências religiosas e paternais.

Considerando que a montagem do filme foi feita em forma de documentário,  sem edições ou roteiro delineado, as lacunas existentes poderiam  até ser aceitas, desde que houvesse uma contenção no uso desses elementos. O abuso acabou revelando o subterfúgio para se omitir a falta de investimento em efeitos visuais  e a ausência de cenários elaborados. Nem vou ficar escrevendo sobre a falta de cuidado com o roteiro, pois o público já está acostumado a relevar grandes falhas até em produções caras de Hollywood...

As promessas de grandes sustos e de perturbadoras cenas de exorcismo não foram cumpridas, restando aos dois bons integrantes do elenco (Fabian e Ashley) o trabalho de segurar o público com seus diálogos e suas expressões de dúvida e medo, o que, até um certo ponto, funciona.