segunda-feira, 23 de novembro de 2009

2012

Conforme previsto em algumas profecias, no ano de 2012, o Planeta Terra terá grande parte da humanidade extinta em virtude de uma grave desordem da natureza,. Mesmo que você não conheça o texto da Bíblia Sagrada, certamente deve ter uma noção do dilúvio descrito no Livro de Genêsis (Gênesis 6-8). Pois bem, o que se aproxima é mais ou menos (ou exatamente) aquilo. Ainda estamos em 2009, mas exímios pesquisadores, cientes desse evento, já alertaram as grandes autoridades que, por uma questão de segurança internacional, empreenderam um projeto secreto para resguardar a continuidade da raça humana. As personalidades envolvidas não podem abrir a boca sobre o plano. Quem o fizer... morre! Por quê? Não se pode divulgar uma notícia que criará um alarde mundial. Nenhum governante poderia controlar o caos que seria gerado diante de uma revelação de tal teor. Já imaginou se você soubesse que o mundo irá ruir daqui a pouco tempo? Além disso, não há como garantir lugar para todos no Projeto de Preservação da Espécie. O mundo tem muita gente... Como não existe segredo absoluto, algumas coisas vazam e uns pobres mortais conseguem, às pressas, armar uma estratégia para sobreviver. Nesse caso, um escritor de pouca projeção que trabalha como motorista e que tem um filho chamado Noah (Noé em inglês). Sugestivo, não?

Pronto! Fiz um resumo capenga tal e qual o roteiro do filme.
Apesar dos termos acima, 2012 (idem, 2009) é um bom filme. Ótimos efeitos visuais (vocês viram a quantidade de empresas de computação gráfica que apareceram nos créditos finais?), protagonistas carismáticos e algumas sequências de tirar o fôlego.

Na sessão de cinema, uma turma bagunceira ficou caladinha nos momentos de grande tensão...

Um ponto super positivo é a permissão que o longa nos concede de compreender as imagens mostradas. É realmente possível visualizar os detalhes das grandes tomadas, mostrando que a produção cuidou de cada ponto, de cada movimento, não havendo, por conseguinte, razão para se passar tudo depressa ou naquela câmera nervosa muito usada nos filmes de grandes efeitos especiais. Para ilustrar, menciono o quanto é desagradável assistir aos filmes de Michael Bay, aquele que dirigiu o trêfego "Transformers" (idem, 2007), posto que as cenas de ação são elétricas e não nos permite identificar com precisão o que está sendo mostrado. O excesso de efeitos de computação gráfica é "jogado" no expectador num acelerado quase irracional. Deve ser proposital, pois o acabamento não nos parece ser bem cuidado como os dos filmes de Roland Emmerich, o diretor de 2012.
É um verdadeiro arrasa quarteirão e, como muitos exemplares do gênero, não apresenta uma história ímpar e inteligente, mas também não ficou enfadonho como dois dos outros filmes-catástrofe do diretor alemão, como "O Dia Depois de Amanhã" (The Day After Tomorrow, 2004) e "Godzilla" (idem, 1998).
Acredito que ele (o diretor) não se preocupou em usar um roteiro bem amarrado, tampouco em apresentar um fechamento convincente e cientificamente razoável, visto que os próprios cientistas da trama pareciam fazer uso da perplexidade para justificar a falta de argumento.

Algo bom nos filmes de Emmerich é a escolha muitas vezes acertada de seu elenco.

John Cusack é um dos melhores atores de sua geração e tem conseguido alternar seus trabalhos com grandes produções hollywoodianas e projetos menos pretensiosos, e todos com a visível dedicação do ator na composição do personagem.
Amanda Peet e Thandie Newton surgem como as belas figuras femininas necessários nesse tipo de filme. Elas precisam estar presentes e terem um mínimo de expressão, não sendo adequado parecerem insípidas, mas elas precisam ter ações e decisões contidas para garantir a supremacia de seus varões protagonistas (Cusack e Chiwetel Ejiofor, respectivamente). Não me achem machista. Algumas vezes, isso é preciso, afinal, não é sempre que se tem uma Sigourney Weaver para conduzir um filme de ação com grandes efeitos especiais, não é mesmo?
O filme ainda conta com o talentoso Woody Harrelson, sempre bem-vindo em papéis esquisitos, e com o competente Oliver Platt.
Não esperem muita lógica no filme (e olhem que nem estou falando das justificativas científicas) e procurem se entreter com as incríveis imagens produzidas e com os dramas rasteiros que o filme encaixa (ou procura encaixar) ao longo da projeção.
E mais: é um filme pra se ver no cinema. E eu nem preciso explicar a razão.

sábado, 7 de novembro de 2009

La Terza Madre

Os filmes de terror dos dias atuais têm procurado, cada vez mais, causar impacto com cenas brutais, chocantes e graficamente convincentes. E o pior é que, em grande parte dos casos, o terror é entendido como a simples, longa e explícita exposição de sangue e violência.O veterano Dario Argento, diretor do filme que será objeto desta postagem, pode dar aulas para os cineastas atuais de como criar cenas de violência que chocam e trazem agonia. Gore é com ele mesmo. O ponto positivo é que o diretor, escritor e produtor italiano abusa de situações ousadas e de cenas fortes, mas não descuida da apresentação de personagens interessantes e de uma trama inspirada. É bem verdade que, muitas vezes, beiram o absurdo, mas tudo bem...

Após 27 anos da conclusão do segundo filme, Dario Argento finalmente completou a trilogia de "As Três Mães", iniciada com o cult "Suspíria" (Suspiria, 1977) e seguida pelo assustador "Mansão do Inferno" (Inferno, 1980). Em 2007, finalmente ficou pronto o filme "O Retorno da Maldição" (La Terza Madre, 2007). Ninguém discorda que, em termos visuais, é o mais fraco deles, notadamente em virtude do esquema ligeiro em que foi produzido e da divulgada limitação de recursos.
As três mães dos filmes são poderosas bruxas que espalham morte e terror e que perseguem suas vítimas de forma implacável. Tendo essas figuras reinado em várias ocasiões ao longo do tempo, elas possuem uma legião de adoradores do mal que as invocam para instaurar a dor, a danação e a obscenidade no mundo. Existem partes em cada um dos filmes que explicam (ou que tentam explicar) a origem das três mansões que servem de sedes para as criaturas hediondas. Contam que um renomado arquiteto italiano, sem saber da verdadeira intenção das bruxas, construiu três casas para essas entidades, uma para "Madre Suspiriorum", a mãe dos suspiros, em Friburgo, outra para "Madre Tenebrarum", mãe das trevas, em Nova York, e a última para "Madre Lacrimarum", mãe das lágrimas, em Roma.

De onde elas vieram? Por favor, não me perguntem, pois, apesar de reconhecer a importância de Dario Argento no cenário mundial de filmes de terror, não faço parte da legião que cultua o trabalho desse artista, por conseguinte, não procurei ler muita coisa a respeito de seus filmes.

No primeiro filme, que teve locações em Friburgo, na Alemanha, a Mãe dos Suspiros foi a entidade que disseminou medo e assassinatos na vida daqueles que tiveram a infelicidade de despertá-la. Apresentando uma marcante trilha sonora e um fotografia bem cuidada, Suspíria impressionou grande parte do público e se tornou um clássico para os fãs do gênero do terror. Dario Argento causou muita controvérsia com esses seus trabalhos, visto que há um excesso de mortes violentas mostradas com detalhes. As mulheres são as vítimas preferidas e quase sempre são capturadas, violadas e dilaceradas impiedosamente, fazendo com que o público se choque com a maneira forte com que o horror é exibido.

O segundo filme apresentou a Mãe das Trevas e teve uma história passada em Nova York. Com Irene Miracle e Leigh McCloskey encabeçando o elenco, a trama de "Mansão do Inferno", na minha opinião, ficou um tanto confusa, tendo comprometido o entendimento daqueles que desconheciam o filme anterior. Está certo que uma trilogia deve ser entendida no conjunto, mas o La Terza Madre, ainda que parte da cinessérie, pode ser assistido sem que o espectador sinta uma necessidade verdadeira de saber o que ocorreu nos filmes anteriores.
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Nessa última parte da trilogia, a história gira em torno de uma estudante de arte que, junto a uma colega, resolve estudar uma estranha urna encontrada nos arredores de Roma. Na manipulação, as moças, acidentalmente, trazem de volta uma das bruxas. Junto a ela, seres demoníacos e pessoas possuídas empreendem um grande caos na cidade, com direito a assassinatos brutais, luxúria, blasfêmia e sangue pra que te quero.

O que a aberração não contava era que a jovem estudante tivesse forças sobrenaturais capazes de protegê-la e de orientá-la quanto à forma de combater o mal. Até então, a garota não tinha a mínima idéia dessa sua predestinação, mas, no desespero, ela acaba procurando compreender seu poder para usá-lo contra as forças malígnas.

Há uma cena onde uma jovem tem as tripas, estômago e intestino arrancados de seu corpo e, ainda viva, é estrangulada com suas próprias vísceras... Vocês dão conta de uma coisa dessas?
Apesar de ser um filme menor de Argento, conferi-lo não é, de forma alguma, nenhum tipo de perda de tempo. Esqueçam o gore e divirtam-se com o fechamento de uma trilogia histórica do cinema de terror.

Além disso, o filme é protagonizado pela bela Asia Argento (filha do Diretor) que prova não estar no papel somente pelo seu parentesco com o idealizador, uma vez que a atriz, além de linda, tem um desempenho acima da média no filme.